A par do símbolo da CNE, apresenta ainda, em algumas fotografias divulgadas nas redes sociais, a inscrição "ELEIÇÕES GERAIS 2017", e, em baixo, "Vota pela Paz e pela Democracia", seguindo-se a sequência dos seis partidos concorrentes e a indicação de voto na posição 4, onde surge no boletim de voto o MPLA e o seu candidato a Presidente da República.

Entretanto, já depois da primeira divulgação de fotografias do outdoor com a simulação do boletim de voto nas redes sociais, presumivelmente com autoria das estruturas locais do MPLA, a parte referente à CNE e às eleições gerais foi, como se pode ver na fotografia que acompanha esta notícia, coberta com uma faixa a preto e vermelho, as cores do partido.

Sobre este cartaz, Júlia Ferreira, porta-voz da CNE disse ao Novo Jornal Online desconhecer a sua existência, deixando perceber, ao afirmar não se querer pronunciar sobre ele, que não integra quaisquer campanhas de sensibilização ao voto ou outras, com origem na Comissão Nacional Eleitoral, para as eleições que vão ter lugar a 23 de Agosto.

Entretanto, Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, adiantou ao Novo Jornal Online que "existe a possibilidade de se tratar de mais um abuso", mas relativizou este episódio acrescentando que o maior partido da oposição tem apresentado um conjunto de irregularidades que pretende ver corrigidas pela CNE.

"Este pode ser mais um caso, mas a UNITA entende que existe um conjunto de irregularidades, como tem denunciado, que podem perigar a transparência das eleições", adiantou, sublinhando igualmente que "ainda existe tempo e oportunidade para que Angola possa, pela primeira vez, ter umas eleições justas e transparentes", desde que "as irregularidades demonstradas sejam corrigidas quanto antes".

Por parte do PRS, Benedito Daniel, presidente desta força política, em declarações ao Novo Jornal Online, notou que "para todos os efeitos", a existência deste outdoor configura a colocação da CNE a fazer campanha pelo MPLA".

"A educação cívica deve ser neutra. Os partidos e as coligações é que devem indicar como os seus apoiantes e militantes devem votar. A Comissão Nacional Eleitoral nunca pode fazer isso, nem ser utilizada para isso por nenhum partido", acrescentou Benedito Daniel.

O Novo Jornal Online tentou sem sucesso ouvir o MPLA.

Apesar da polémica, tudo aponta para que esta tenha surgido a partir de uma iniciativa local do MPLA que, na procura de criar um boletim de voto, no âmbito da sua campanha eleitoral, o mais fiel possível ao que os eleitores vão encontrar no dia das eleições, acrescentou a simbologia da Comissão Nacional Eleitoral.