Após a informação de um dos membros do Bureau Político do MPLA ter testado positivo à Covid-19, o ambiente nas hostes dos «camaradas» está a ser de extrema suspeição.

Segundo o relato de uma fonte, que confidenciou ao Novo Jornal desde que o facto foi tornado público, o assunto passou a dominar as conversas nos corredores entre membros afectos à elite do partido, serviços de apoio e trabalhadores de base, sobretudo da sede do MPLA.

"Estamos todos aflitos com esta situação, porque não sabemos o que nos espera, se já estamos infectados ou não. Nós, que lidamos directamente com os chefes no gabinete, corremos mais riscos de contaminação", atirou uma das secretárias de um alto dirigente do partido, que preferiu não ser identificada.

Dentre os que figuram o grupo de risco de contaminação, o pessoal dos serviços de apoio (com destaque para motoristas, escoltas e protocolo), a julgar pela especificidade do trabalho directo que realizam diariamente, é o que mais se manifestou preocupado.

Américo Cuononoca, um dos membros do BP que participaram da última reunião, disse estar solidário com o colega e considerou que todos estão susceptíveis a contrair a doença. Todavia, exortou os militantes a manterem calma, esperando pelos resultados dos exames efectuados ainda esta semana pelo Ministério da Saúde.

"Temos de estar preparados para os novos elementos, sobretudo nós do grupo parlamentar do MPLA, que comporta maior parte dos deputados à Assembleia Nacional (AN). Vamos ter de redobrar as medidas e as restrições impostas pela Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19", informou o parlamentar, tendo louvado a iniciativa do Ministério da Saúde e defendendo que seja abrangente a todos os colegas.

Questionado sobre o estado psicológico reinante no seio dos deputados, respondeu que "a expectativa é grande e que, em caso de alguns testarem positivo, tomaremos outras medidas de tratamento para redobrar a prevenção".

Américo Cuononoca, embora tenha admitido que o número de casos esteja a aumentar no país, considerou que ainda está muito aquém de outros Estados da região da África Austral, de que Angola é membro.

"As medidas tomadas pelo Executivo estão a surtir efeitos. Agora, se testarmos a nível das comunidades, teremos outro quadro", lembrou o deputado, que ressalta o facto de a situação económica imposta pela pandemia estar a dificultar as acções do Executivo.

"Temos de redobrar as medidas, para que a pandemia não comprometa o funcionamento da AN e as metas preconizadas, com destaque para a aprovação dos diplomas legislativos autárquicos", concluiu.

Já o parlamentar da UNITA, Manuel Savihemba, disse que o seu partido se solidariza com a situação e apelou pelo redobrar das medidas sanitárias, a fim de se erradicar a doença no país.

"Somos todos da mesma família. As autoridades sanitárias que estão à frente das decisões devem aumentar o número de testes a serem feitos desde do topo até às comunidades", sugeriu.

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