O actual Presidente da República apareceu assim pela primeira vez em campanha, ao lado do cabeça-de-lista do MPLA às eleições, para, em poucos minutos, "reiterar" o "apoio pessoal" a João Lourenço, e apelar ao voto.

José Eduardo dos Santos saiu pouco depois, não permanecendo na tribuna para assistir até ao fim do discurso de João Lourenço.

Na opinião do antigo combatente do MPLA, Paiva Samuel, o Presidente do MPLA deveria ter sido mais amplo na sua intervenção.

"Não é aquilo a que o camarada Presidente nos habituou", resumiu.

O professor universitário, Tomas Samuel Kieno, disse que já esperava este cenário: "As coisas não estão boas, porque muitos, no seio do MPLA, queriam ver ainda José Eduardo dos Santos a recandidatar-se".

Um alto dirigente do partido que não quis identificar-se comentou que "os militantes estavam ansiosos ouvir uma boa intervenção, mas acabaram por sair decepcionados".

"Viemos perder o nosso tempo", resmungavam alguns militantes no comício.

O reformado António Kakuta também saiu entristecido do recinto: "Acordei de manhã muito cede para ouvir o nosso Presidente falar, mas volto triste para casa porque não é assim que deveria dirigir-se aos militantes nesta fase da campanha", lamentou.

O candidato do MPLA a Presidente da República, João Lourenço, prestou, neste sábado, homenagem ao Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, pelo "empenho no engrandecimento do país, e pelos esforços para o alcance da paz e da estabilidade".

Sublinhou que o Chefe de Estado soube "manter a soberania nacional, defendendo o país de ameaças internas e externas".

Expôs que "o reconhecimento é também pela paz e estabilidade alcançadas há 15 anos e pelo lançamento das bases da reconciliação nacional e início da diversificação da economia".

O candidato do MPLA enalteceu ainda a forma "sábia e segura como o Chefe de Estado está a conduzir o processo de transição política, sem romper com o passado e com o presente, mas vislumbrando a construção de um futuro melhor".

No seu discurso, João Lourenço prometeu garantir, caso vença as eleições, boa vida aos angolanos.

"Vamos promover o emprego, ajudar o empresariado nacional e todos que querem ver Angola desenvolvida", disse, apelando o voto ao seu partido.

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de Agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.