Sem nunca falar do Governo ou referir o nome de João Lourenço, a filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, volta a deixar farpas à nova liderança do País.

Defendendo o legado do pai, a antiga PCA da Sonangol, exonerada por João Lourenço em Novembro de 2017, deixou um desafio: Angola tem de crescer a "dois dígitos".

"A questão é como fazer com que a economia cresça, escreveu, referindo também que "de 2002 a 2017, país saiu de um PIB de 12,5 mil milhões de dólares para 126 mil milhões de dólares".

"Angola cresceu 908% em 15 anos", expõe no mesmo texto em que se pode ler também que "o PIB per capita, mesmo com a duplicação da população cresceu 609%" entre 2002 e 2017.

De recordar que no dia 13 de Setembro, a filha do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos perguntava, no Twitter, como é possível o país continuar mergulhado numa "profunda crise económica" e as empresas angolanas "com perdas financeiras enormes" quando o barril de petróleo está à beira dos 80 dólares.

Apesar da referência de Isabel dos Santos ao valor do barril de petróleo, é importante lembrar que o volume de produção no País tem vindo a diminuir.

A Agência Internacional de Energia (AIE), no relatório "Oil Market Report", considera que a tendência da produção petrolífera de Angola é mesmo de queda devido "ao envelhecimento dos poços petrolíferos, que perdem fulgor, e aos investidores externos que face às perspectivas relativamente pouco competitivas, perdem entusiasmo".

E, segundo dados revelados na quarta-feira pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a produção petrolífera angolana voltou a descer, em Agosto, o equivalente a 8.000 barris diários face a Junho. Angola atingiu o mês passado uma produção diária de 1,448 milhões de barris de crude, face aos 1,456 milhões do mês anterior.

Angola enfrenta desde final de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da forte quebra nas receitas petrolíferas.

Em menos de dois anos, o país viu o preço do barril exportado passar de mais de 100 dólares para vendas médias, no primeiro semestre de 2016, de 36 dólares por barril, segundo dados do Ministério das Finanças de Angola, citados pela Lusa.


Os economistas consultados pela Bloomberg calculam que a economia angolana cresça 2,1% este ano, acelerando para 2,5% em 2019. Mas os analistas da consultora FocusEconomics são mais pessimistas e colocam a expectativa de crescimento em 1,9% em 2018 e 2,3% em 2019.

O ministro das Finanças angolano explicou o mês passado que programa negociado com o FMI em 2018 visa fundamentalmente a consolidação do ajustamento fiscal, reduzindo o défice orçamento geral de 7%, em 2017, para 3,4%, em 2018. Contempla também as medidas para criar um melhor ambiente de negócios, com uma lei sobre a concorrência e um novo instrumento sobre o investimento estrangeiro.