A filha do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos pergunta, nas redes sociais, como é possível o país continuar mergulhado numa "profunda crise económica" e as empresas angolanas "com perdas financeiras enormes" quando o barril de petróleo está à beira dos 80 dólares.

As críticas ao Governo de João Lourenço por Isabel dos Santos têm tido respaldo sobretudo nas redes sociais. Em Junho passado, durante a visita de João Lourenço à Bélgica, a ex-presidente do conselho de administração da Sonangol, exonerada em Novembro de 2017, usou o facebook e o twitter para criticar a falta de atractividade externa de Angola, pela dificuldade em repatriar dividendos.

"Qual o investidor que vai entrar se não dão autorização aos actuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares", afirmou, então, Isabel dos Santos, referindo-se às dificuldades que as empresas e investidores enfrentam, nos últimos anos, para repatriar lucros e dividendos, devido à escassez de divisas em Angola.

Já em Agosto, a empresária angolana colocou no twitter e no instagram uma fotografia em que aparece de capacete na cabeça, numa obra, sem adiantar a sua localização.

"Na obra, trabalhando e a supervisionar a construção desde raiz deste novo empreendimento. Como engenheira, estou envolvida no terreno desde o início até ao fim da obra, e estou presente em todas as etapas. Continuo a investir em Angola e a acreditar nos angolanos e seu talento", escrevia.

"Aqui está em construção mais um empreendimento que vai gerar mais empregos para jovens e oportunidades para os pequenos e médios produtores escoarem e venderem os seus produtos", acrescentava Isabel dos Santos.

No texto, a empresária lembrava que, desta forma, apoiava "outros empresários e produtores e gerar mais iniciativas".

"A produção nacional é a única forma de baixar os preços. Nesta obra trabalham com afinco mais de 100 bons técnicos angolanos que constroem com qualidade e no final do dia vão para suas casas com orgulho e determinação de fazer parte do crescimento de Angola", terminava o texto.

Por essa altura, estava João Lourenço em Berlim, onde, durante uma entrevista à Deutsche Welle, o Chefe de Estado lamentou que Isabel dos Santos desencoraje investimento para o seu próprio país.

"Eu não queria entrar em mesquinhices deste tipo para uma cidadã nacional que desencoraja o investimento para o seu próprio país. É o único comentário que tenho a fazer", disse o PR.

A saga continuou, com a empresária a responder nas redes sociais que "há uns que tapam o sol com a peneira, há outros que constroem abrigo para se pôr à sombra... e trabalham para comprar ar condicionado. Faço parte da segunda categoria".