"Quando tivermos coragem de assumir esta postura, então o País sairá a ganhar, porque, se o exemplo vier de nós, temos a certeza de que toda a sociedade nos seguirá", disse João Lourenço.

"Neste combate contra a corrupção, aqueles que vêm perdendo privilégios auto-adquiridos ao longo de longos anos deviam ter a sensatez e humildade de agradecer a este povo generoso por lhes ter dado essa possiblidade, e não se fazer de vítimas, porque a única vítima do seu comportamento ganancioso foi o povo angolano", acrescentou.

Lourenço, que afirmou que este processo de reformas no País "já é irreversível" e que a "Angola das oportunidades restringidas a uns quantos indivíduos intocáveis, que tudo podiam, gente que se julga no direito de continuar a manter o estatuto indevidamente adquirido, pertence à história", deixou ainda um recado à empresária Isabel dos Santos, que afirmou, numa série de mensagens publicadas na rede social Twitter, na véspera da viagem do Presidente da República a Portugal, que "a situação está a tornar-se cada vez mais tensa [em Angola], com a possibilidade de se juntar à crise económica existente uma crise política profunda".

" Só mesmo a falta de patriotismo pode levar um cidadão nacional a desencorajar o investimento privado estrangeiro no seu próprio País. Surpreende-nos o facto de cidadãos angolanos invocarem, quem sabe mesmo desejarem e até financiarem uma provável instabilidade política num País como Angola, já bastante martirizado por anos de conflito, mas tratando-se de um assunto de segurança nacional, com certeza vamos acompanhar com a seriedade que o assunto requer", declarou o presidente do MPLA.

Lourenço disse ainda que o partido deve ser o primeiro a levantar a sua voz "sempre que surjam sinais preocupantes de constituição de um império económico de uma família ou de uma pessoa, não importa quem, sobretudo quando são usados comprovadamente fundos públicos ou de empresas públicas em empreendimentos que depois aparecem registados como privados".

E reforçou que, "se as empresas públicas foram passadas para o domínio privado a favor de familiares de membros do partido, sem que se tenha conhecimento de algum concurso público, o partido deve ser o primeiro a denunciar contrariar e impedir".

"O partido deve condenar e impedir que as empreitadas das grandes obras públicas, como portos, aeroportos, centrais hidroelétricas, cimenteiras, ordenamento e gestão de cidades e outros, sejam entregues aos nossos filhos, familiares ou outros próximos se não obedecerem às regras e normas do concurso público, da contratação e da são concorrência", acrescentou.