Para além do presidente do FSDEA, José Filomeno de Sousa dos Santos, foram ainda exonerados os administradores executivos Hugo Miguel Évora Gonçalves e Miguel Damião Gago, e com o novo presidente foram nomeados Laura Alcântara Monteiro, Miguel Damião Gago, Pedro Sebastião Teta e Valentina de Sousa Matias Filipe.

Com estas mexidas, o FSDEA passa de três para cinco administradores.

O novo Presidente do Fundo foi ministro das Finanças entre 2010 e 2013 e foi exonerado em Maio desse ano pelo então PR, José Eduardo dos Santos.

Na recente conferência de imprensa alargada, João Lourenço já tinha admitido alterações no Fundo Soberano para breve, tendo anunciado que as mexidas deveriam ser anunciadas, como foram hoje, durante a semana em curso.

O FSDEA, criado em 2012 para gerir investimentos do Estado, tem a seu cargo 5 mil milhões de dólares.

A decisão do Chefe de Estado reforça a ruptura com as escolhas do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, já evidenciada na reestruturação dos conselhos de administração das empresas públicas dos sectores-chave da economia.

A começar pela Sonangol, que no passado mês de Novembro, saiu das mãos de Isabel dos Santos para o comando de Carlos Saturnino, que tinha sido afastado pela filha mais velha do antigo Presidente da República.

A exoneração da empresária surgiu já depois das mudanças implementadas nos sectores dos diamantes - com novos PCA"s na Endiama e Sodiam -, minérios (Ferrangol) e comunicação social, com a extinção do GRECIMA e nomeação de novos presidentes para RNA, TPA e Edições Novembro.

Para além das mexidas nas lideranças das empresas públicas, João Lourenço pôs fim ao contrato do Estado com a Bromangol - que detinha o monopólio das análises laboratoriais de alimentos -, e terminou a ligação da TPA às empresas de Tchizé dos Santos e Coréon Dú, até aqui "cativas" como fornecedoras de conteúdos para a televisão estatal.

O ex-presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola deixa a instituição envolvido num rol de suspeitas de gestão danosa, expostas pelos escândalos Panama e Paradise Papers, desencadeados por gigantescas fugas de informação.

Logo após a divulgação desta investigação, o FSDEA emmitiu um comunciado onde nega quaisquer ilegalidades na gestão dos fundos do Estado, garantindo que a administração é feita segundo os mais elevados padrões internacionais existentes.

No caso do FSDEA, a ligação de José Filomeno dos Santos a Jean-Claude Bastos de Morais surge na berlinda, tendo em conta que o primeiro confiou ao segundo a gestão de 3 mil milhões dos 5 mil milhões do Fundo, apesar de o mesmo ter no historial uma recente condenação por crime económico.

Bastos de Morais foi condenado na Suíça por crimes na área financeira em 2011, surge como gestor do fundo, através da empresa Quantum Global. O empresário suíço-angolano - amigo de de longa data Zenú - aparece como beneficiário numa série de projectos financiados pelo FSDEA.