"A aproximação entre Europa e África é incontornável. A Europa é o principal parceiro económico de África e África é depositária de grandes reservas de matérias-primas, algumas delas fundamentais para a indústria europeia, por isso, há aqui uma relação de interdependência", afirmou Manuel Augusto, citado pela Lusa, à margem do 1º EurAfrican Fórum, em Portugal.

O ministro, que falava no painel sobre "perspectivas políticas para o futuro das relações entre África e Europa", apelou a que os dois continentes acompanhem o movimento dos tempos" e abandonem "paradigmas que já foram ultrapassados" e "tabus psicológicos" prejudiciais para ambos, tais como o paternalismo da Europa em relação a África, que, segundo o MIREX, "ainda acontece, às vezes, ainda que de forma involuntária".

"Mas também África deve deixar de olhar a Europa como eterno culpado dos seus males e única fonte para resolução dos seus problemas", defendeu Manuel Augusto, afirmando que só assim se avançará para "uma parceria justa, com benefícios mútuos" para os dois continentes.

Manuel Augusto, que recordou que Angola viveu um longo período de guerra, disse, que, terminado o conflito, se virou para os parceiros tradicionais no ocidente, à procura de soluções.

"Pretendia-se e esperava-se, como qualquer país que vem de uma guerra, uma grande conferência de doadores, um plano Marchal para reconstruir Angola, mas foi-lhe negada esta possibilidade, pois dizia-se que Angola era um país rico e não precisava de ajuda", disse também o ministro.

Manuel Augusto explicou que Angola "teve de virar as atenções para o oriente e, em 16 anos de paz, com o parceiro chinês, fundamentalmente, construíram-se estradas e barragens, bem como se fez a reabilitação dos caminhos de ferro, num conjunto de infra-estruturas minimamente aceitáveis para um país que foi destruído pela guerra".

No entanto, garantiu o ministro, a "parceria com a Europa" é importante para resolver problemas como a falta de vias de comunicação ou um tecido industrial desenvolvido e deve ser encarada de forma positiva.

"É preciso consolidar a noção que o facto de Angola e outros países africanos quererem fábricas para transformar os seus produtos não significará menos negócio para os países europeus. Aliás estamos a convidar os países europeus para virem para um mercado quase virgem para investirem e fazerem as fábricas", salientou.