Minutos após ter chegado e antes de ter sido recebido, a sós, pelo Presidente João Lourenço no Palácio Presidencial da Cidade Alta, o primeiro-ministro português falou para garantir que os investidores angolanos são "bem-vindos em Portugal", salientando a importância da crescente confiança que Angola está construir para a sua economia.

Estas declarações, mesmo não tendo Costa tecido quaisquer comentários ao facto de alguns investimentos angolanos em Portugal terem gerado dúvidas, num e noutro país, como, por exemplo, os de Isabel dos Santos na EFACEC, na GALP ou até na banca, não podem deixar de ter como moldura a nova fase da política angolana, com a chegada ao poder de João Lourenço e com o fim da liderança de 38 anos de José Eduardo dos Santos, que ainda estava no poder quando surgiu a crise diplomática entre Lisboa e Luanda com base no processo judicial movido pela justiça portuguesa ao ex-Vice-presidente Manuel Vicente.

António Costa referiu sim a ideia de que Angola é hoje "um país que procura aprofundar um caminho de estabilidade, de abertura e progresso social".

E foi mais longe: "É um país que consolida a situação financeira e melhora a atractividade do mercado e o ambiente de negócios junto dos investidores externos", tendo ido de encontro aquilo que é a pedra de toque das autoridades angolanas no que diz respeito ao relacionamento com outros países, como a reciprocidade e a igualdade.

E essa reciprocidade só é possível se Portugal e Angola criarem condições iguais para os investidores de um e outro país que já tenham ou queiram investir numa e noutra economia, até porque, como sublinhou, há mais de mil empresas portuguesas de capitais mistos, na maior parte, com presença em Angola e ainda alguns milhares que exportam para Angola".

O chefe do executivo português foi claro ao dizer o que pensa sobre a presença de investimentos angolanos em Portugal: "Quero aqui deixar bem claro que Portugal continua aberto e deseja o aprofundamento da presença de Angola no país".

Até porque o objectivo é erguer "uma parceria entre iguais, em que cada um contribui para a riqueza do outro e em que ambos beneficiam igualmente da relação", lembrando, com um sonoro sublinhado, que Angola foi um bom país para Portugal durante a grave crise que o país atravessou nos últimos anos, acolhendo milhares de portugueses e empresas portuguesas que atravessavam dificuldades no seu país.

"Nos anos de crise profunda, quando os portugueses precisaram de uma terra para encontrar trabalho, ou poderem investir, encontraram em Angola esse destino. Também quando Angola enfrentou dificuldades as empresas portuguesas não saíram, resistiram e escolheram continuar em Angola", disse, nomeando neste agradecimento o apoio de Luanda a Portugal nos palcos internacionais, como, por exemplo, na candidatura de Guterres a SG da ONU, onde Lisboa se comportou de igual modo face às iniciativas de Angola.

O Presidente angolano, numa breve intervenção, mostrou igual sentimento face aos investimentos portugueses em Angola, sublinhando que estes são "bem-vindos a Angola".

"Vemos com bons olhos a implantação de pequenas e médias empresas portuguesas no mercado angolano, dentro de uma lógica em que se estabeleçam no nosso país para produzir riqueza que resulte em benefícios importantes para ambos", apontou João Lourenço, que pediu a António Costa para incentivar os empresários portugueses a rumarem a Angola "criando-lhes facilidades por via de linhas de crédito que os ajudariam a realizar negócios em Angola".