O economista-chefe desta instituição financeira africana, com sede no Cairo, Egipto, considera que as reformas implementadas em Angola desde que chegou ao poder, em Setembro de 2017, e as suas medidas de combate à corrupção, são já um "caso de estudo" e está a atraír as atenções para os resultados que se aguardam dessas mesmas medidas.

Hippolyte Fofack, em declarações à Lusa em Moscovo, Rússia, onde decorreu a Cimeira anual desta instituição financeira africana, recorda que "Angola foi sempre um grande destino de investimento", acrescentando a título de exemplo que nas suas deslocações a Luanda no passado, costumava ver aviões privados, "jactos" no aeroporto e pensar para si mesmo que aquilo "não eram o investimento certo"

O que Fofack sublinha é que a visão dos jactos estacionados na pista poderia ser traduzida por investimento direccionado para o "capital intensivo sem impacto na população", algo que defende que deve e vai mudar.

"A indústria em que estamos a insistir é de trabalho intensivo que ajuda a reduzir a desigualdade", disse, destrocando essa ideia por apontar no mapa das prioridades para o país os investimentos na agricultura e agro-indústria ou ainda unidades industriais locais que envolvam as populações, gerando emprego.

Tudo, para evitar o que sucedeu entre 2007 e 2014, período marcado por uma forte subida do valor do petróleo, que fez com que muitas pessoas virassem as suas atenções e apostassem em Angola - na subida do preço do crude - e depois, da mesma forma, abandonaram o país assim que o barril de petróleo perdeu valor.

O economista-chefe do Afreximbank nota que este tipo de investidor aposta nos ganhos de muito dinheiro num curto período de tempo mas, sublinha, que o ideal são os "investidores pacientes", que, com a sua acção, consolidam a economia para o médio e longo prazos.

"Os investidores foram em massa para Angola quando o petróleo subiu e depois fugiram quando o preço baixou. Isso é gente que quer o dinheiro rápido, mas nós preferimos o investidor paciente", explicou Fofack em declarações à Lusa.

Mas, segundo Hippolyte Fofack, Angola é ainda um caso especial no continente africano porque "alguém [José Eduardo dos Santos], que foi Presidente durante 40 anos, escolheu pessoalmente outra pessoa para lhe suceder [João Lourenço]. E o actual Presidente não precisou que [José Eduardo dos Santos] morresse e está a lutar contra a corrupção sabendo que a corrupção está, de algum modo, ligada a quem o nomeou", resumiu.

"É um estudo de caso" e Angola tem hoje como Presidente "alguém que está comprometido em colocar o país no caminho certo e melhorar a governação", concluiu.