Sergio Mattarella, sublinhando que a sua visita a Angola é a primeira de um Chefe de Estado europeu desde que João Lourenço assumiu o cargo, lembrou a longa tradição de cooperação entre os dois países e avançou com a sugestão de Angola e a Itália avançarem para novas áreas de cooperação.

Nesse sentido, destacou, como caminho a ser feito pelas empresas italianas e angolanas, os sectores agro-alimentar, as infra-estruturas, a energia e o turismo, mostrando-se esperançado que o seu país vai ter um papel importante no esforço de diversificação da economia angolana.

Nesta curta declaração, Mattarella informou ainda que convidou o Presidente angolano para uma vista oficial a Itália, convite esse que foi de imediato aceite. O Presidente italiano deixa Luanda na quinta-feira.

João Lourenço destaca cooperação militar com Itália

Já o Chefe de Estado angolano destacou a cooperação com o Governo italiano na área da defesa, com o fornecimento "a tempo" dos helicópteros Augusta e o equipamento dos Centros de Coordenação Marítima, estes ainda por executar.

João Lourenço, citado pela Lusa, discursava durante o almoço que ofereceu ao seu homólogo de Itália, Sérgio Mattarella, que realiza uma visita de dois dias a Angola para o reforço da cooperação.

O chefe de Estado angolano referiu que em finais de 2017, durante a visita efetuada a Angola pelo então primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, ficou acordado acelerar os mecanismos necessários ao reforço da cooperação em domínios prioritários relativos à diversificação da economia angolana, particularmente nos setores da agricultura, energia e águas, indústria transformadora, turismo, transporte e infraestruturas.

Segundo João Lourenço, embora o enfoque na cooperação entre os dois países seja o económico, a área da defesa merece igualmente atenção com o fornecimento dos helicópteros Augusta pela empresa italiana contratada e o equipamento dos Centros de Coordenação Marítima, como parte do amplo Projeto Kalunga de vigilância marítima e de proteção da costa e águas territoriais angolanas.

"Em face do que acabei de mencionar, considero que a visita de vossa excelência representa uma grande oportunidade para que abordemos, com a franqueza que é habitual entre nós, a melhor forma de impulsionarmos com sentido prático todas as iniciativas que visam tornar a cooperação cada vez mais ampla e diversificada", disse João Lourenço.

O Presidente angolano destacou os investimentos e a participação significativa da empresa petrolífera italiana ENI, com boas perspetivas para a exploração do gás natural, encorajando outras companhias a investir em diversos domínios, onde ainda não é expressiva a presença de empresários italianos.

João Lourenço pediu ao seu homólogo que use o seu prestígio e influência para "sensibilizar os investidores italianos, no sentido de encararem sem hesitação as inúmeras oportunidades que o mercado angolano oferece e das quais podem colher benefícios".

"Creio que o Memorando de Entendimento entre o Ministério das Finanças da República de Angola e a Caixa de Depósito e Empréstimos da República italiana, que será hoje assinado, constitui um instrumento que vai promover e apoiar as empresas italianas na realização de negócios e investimentos em Angola e de angolanas em Itália, abrindo assim novas perspetivas para o estabelecimento de parcerias em setores de interesse comum", frisou.

No plano internacional, o chefe de Estado angolano disse que tem acompanhado com atenção o desenrolar do conflito israelo-palestiniano, cuja solução de dois Estados vizinhos a viver pacificamente é conhecida e recomendada pela esmagadora maioria da comunidade internacional como sendo a mais sábia.

Relativamente à situação na Venezuela, João Lourenço lamentou que se tenha degradado, num momento em que existem ainda outros focos de tensão "por debelar", nomeadamente a Síria, o Afeganistão, o Iémen e o Sahel africano ou o corno de África.

Segundo o Presidente angolano, o bom senso deve prevalecer, deixando que os atores políticos e o povo venezuelano encontrem "os melhores caminhos para a paz, a estabilidade e o regresso à normalidade democrática, únicas garantias para o desenvolvimento económico e social do país".