Em resposta aos que defendem um protesto nas ruas para exigir o que dizem ser a reposição da verdade eleitoral - contestando os resultados das eleições gerais de 23 de Agosto anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral e validados pelo Tribunal Constitucional -, Isaías Samakuva garante que essa não é uma forma de luta viável.

"Se não tivesse a experiência que tenho, estaria na posição de muitos de vós que dizem : "Vamos para as ruas hoje", explicou ontem o presidente da UNITA, num discurso proferido no complexo Sovsmo, em Viana.

Segundo o líder do "Galo Negro", o impulso manifestante deve ser refreado porque tem saído muito caro ao partido. "Em muitos casos tivemos de pagar às pessoas", revelou.

Só num protesto, recordou Samakuva, os "Maninhos" desembolsaram quase meio milhão de dólares.

"No dia da manifestação estão com fome, querem comer", clarificou o dirigente, contando que, para entrarem nos autocarros e seguirem para o local da manifestação, as pessoas exigem contrapartidas, nomeadamente água e alimentos.

"Alguns [militantes] estão prontos, mas a maioria vai ficar em casa", acredita o líder do "Galo Negro", que vê no combate parlamentar a forma de luta mais indicada.

"Pensam que a manifestação de um dia vai resolver os problemas?", questionou, justificando a decisão da UNITA de não enveredar pelo protesto das cadeiras vazias.

Recorde-se que após dias de especulação, o maior partido da oposição anunciou que vai assumir os 51 assentos parlamentares conquistados nas eleições de 23 de Agosto, onde foi a segunda força mais votada, reunindo 26,67% das preferências do eleitorado.