Com o apoio total dos EUA, do Brasil e da Colômbia, Juan Guaidó, que enquanto Presidente da Assembleia Nacional e Presidente interino, procura, desde 23 de Janeiro, derrubar o Presidente Maduro, sob a justificação de que este ocupa ilegalmente o cargo porque as eleições onde foi eleito há cerca de um ano foram fraudulentas.

Mas, se Guaidó conta com o apoio dos EUA e do Brasil, entre outros países, como um grupo de nações europeias, onde estão Espanha e Portugal na linha da frente, NIcolás Maduro conta com a solidariedade da Únião Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Isso mesmo ficou claro no Sábado, quando o vice-ministro das Relações Exteriores venezuelano foi recebido em Adis Abeba pelo embaixador de Angola na Etiópia e na União Africana, Francisco José da Cruz, que segundo o MIREX, reafirmou o apoio de Luanda à posição assumida desde início sobre a crise política em Caracas no sentido de defender a não-ingerência externa na resolução dos problemas venezuelanos.

Esse posicionamento vai ainda na direcção de um claro apoio a uma solução forjada no seio do povo e das forças políticas da Venezuela, o que deixa África e Angola nos antípodas daquilo que é a defesa da saída de Maduro do poder e a realização de eleições livres num curto prazo defendida, por exemplo, por Portugal, cujo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega Angola na manhã de terça-feira para um visita de Estado de vários dias e onde este assunto deverá ser tocado, mesmo que não faça parte do topo da agenda, nas conversações entre os dois Chefes de Estado.

Ao anunciar o seu regresso à Venezuela, Guaidó, que está actualmente no Equador, lembrou a viagem que acaba de realizar pela América do Sul onde foi "não apenas pedir ajuda mas também procurar liberdade, democracia e prosperidade para a Venezuela".

Neste permanente jogo de equilíbrio de poderes, recorde-se que Numa "declaração de solidariedade com a República Bolivariana da Venezuela", a SADC mostrou a sua "preocupação pelas tentativas de líderes de alguns países de interferir nos assuntos e na soberania" da Venezuela.

A declaração, assinada pelo presidente em exercício da organização, o chefe de Estado namibiano, Hage Geingob, acusa esses líderes de "tentar minar um governo democraticamente eleito", como é o governo da Venezuela, "liderado por sua excelência o presidente Nicolás Maduro", para proclamar Juan Guaidó como presidente interino.

"A SADC condena essas violações dos princípios do Direito Internacional, especialmente, o respeito pela soberania e a não interferência nos assuntos internos de outro Estado", acrescenta a mensagem.

Para a SADC, as pessoas da Venezuela "expressaram as suas escolhas políticas através de eleições parlamentares e eleições presidenciais em dezembro de 2015 e maio de 2018, respetivamente", daí que peçam "à comunidade internacional e todas as partes envolvidas que respeitem os resultados dessas eleições".