Os dois aparelhos, que fazem parte de um lote de 12, são aviões de combate em segunda mão que foram requalificados tecnologicamente pela indústria aeronáutica militar russa, depois de devolvidos pela Índia no âmbito de um processo de modernização da sua Força Aérea, com aviões mais modernos igualmente de fabrico russo, modelo Su-30MKI.

A notícia foi avançada pelo site russo Sputnik a partir de declarações do ministro da Defesa angolano, Salviano Sequeira, durante a visita oficial do Presidente João Lourenço, na semana passada, à Rússia.

Os primeiros Su-30K, dois de um lote de 12, foram entregues em Setembro de 2017, e mais quatro já foram, entretanto, confirmados como estando já ao serviço da Força Aérea Nacional (FAN), segundo o site especializado em defesa DefenceWeb.

A aquisição destes aparelhos (modelo da foto) visa reforçar a capacidade operacional da FAN no âmbito dos desafios geoestratégicos e do posicionamento de Angola no contexto africano, bem como reforçar a capacidade do país de se afirmar como um interveniente incontornável na resolução de conflitos no continente, especialmente na África Austral e na África Ocidental.

Segundo a agência TASS, a modernização destes aparelhos passa essencialmente pela introdução de um sistema de vídeo e a requalificação do sistema de radar e de navegação, a par de outros elementos tecnológicos inexistentes aquando da compra dos aparelhos pela Força Aérea indiana há cerca de duas décadas.

Depois de terem sido retirados da linha operacional de caças indianos, que tinha comprado, entre 1997 e 1999, 200 aparelhos deste modelo à Rússia, e depois de muitos terem sido utilizados como fonte de peças para responder a avarias, a Índia devolveu um número significativo de Su-30K à Rússia no âmbito de uma nova compra de aviões de combate modernos Su-30MKI.

Naquilo que é uma situação normal neste tipo de negócios que envolvem muitos milhões de dólares, por exemplo, a Etiópia adquiriu recentemente 18 Su-30K à Rússia por cerca de 630 milhões USD - o que significa que cada Su-30K custa 35 milhões USD, valor que não andará longe daquilo que Angola vai pagar -, os aparelhos adquiridos pela FAN foram e estão a ser modernizados no 558º instalações de manutenção e reparação aeronáutica, na Bielorússia, do fabricante russo Irkut Corporation, estrutura especializada na modernização de aviões de guerra.

Su-30K, o avião que fez frente aos F-16 dos EUA

O Su-30 é um caça russo cujo fabrico teve início em finais da década de 1980 e entrou ao serviço da força aérea russa em 1996, tendo como valor, novo, em 2012, cerca de 37 milhões de dólares norte-americanos, embora os custos referentes à encomenda angolana não tenham sido divulgados.

As características do Su-30K apontam para um leque variado de acções, seja de ataque ao solo ou em combates ar-ar, sendo este caça conhecido pela sua grande manobrabilidade, superando mesmo, quando surgiu, em muitos aspectos, os similares em uso nas forças aéreas dos países membros da NATO, nomeadamente os F-16, cujas funções são semelhantes.

O Su-30K faz parte de um modelo que vai do Su-27 aos Su-35, o mais recente, e é considerado o caça que permitiu à Rússia sair da irrelevância na aviação em que caiu logo após o desmembramento da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, que, com a NATO, liderada pelos EUA, protagonizou durante décadas a "Guerra Fria".

Esta encomenda de 12 aparelhos por parte de Angola ficou selada durante uma visita de Dmitry Rogozin, vice-primeiro-ministro russo, em 2013, tendo, na altura, ficado apontado como ano de entrega 2015, embora, por razões que terão a ver com, na versão oficial, alterações a pedido de Luanda sobre as funções dos aviões, ou, como chegou a ser noticiado, devido à crise económica gerada pela baixa do preço do petróleo, a entrega foi protelada para 2017/2018, tendo igualmente este prazo sido reformulado.

Os aviões que agora começaram a chegar a Angola vindos da "558 Aviation Repair Plant", em 2006, estiveram ao serviço da Força Aérea indiana, antes de serem devolvidos à Rússia para serem transformados das versões básicas que eram para modelos com as mais recentes tecnologias de voo e de combate.

Todavia, segundo o site AfricaAerospace, o que levou a Índia a desistir de modernizar os seus Su-30K e optar pela aquisição de 200 modernos Su-30MKI, foi o facto de ter constatado que, por mais que o Su-30K fosse requalificado tecnologicamente, não terá nunca as mesmas capacidades operacionais que o Su-30MKI.

A generalidade dos aviões de guerra e helicópteros ao serviço da Força Aérea angolana são de origem russa, nomeadamente, para além dos Su-30, Su-27, Su-22 e Su-24, estes últimos mais antigos e produzidos ainda no tempo da União Soviética.