Ainda hoje, o tribunal vai agendar a data para o início das alegações finais, soube o Novo Jornal de uma fonte do Supremo.

Na última sessão de discussão e julgamento, a 27 de Fevereiro, o Tribunal Supremo solicitou ao Ministério das Finanças todo o dossier do Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido e de correspondência trocada entre o Ministério e o banco Crédit Suisse de Londres no processo de estorno dos 500 milhões de dólares.

Essa diligência está a ser efectuada a pedido do advogado do réu Jorge Gaudens (Bangula Kemba), que a considera fundamental para a descoberta da verdade material, uma vez que, de acordo com a acusação, existe no processo um outro documento supostamente enviado pelo próprio banco suíço ao então ministro das Finanças, Archer Mangueira, dando conta de que a referida garantia é falsa.

Segundo a fonte, após o tribunal analisar esses documentos, os juízes vão então marcar uma data, ainda este mês, para que os advogados dos réus Valter Filipe, José Filomeno dos Santos "Zenu", António Samalia Bule e Jorge Gaudens possam apresentar os seus argumentos de defesa, de tudo o que foi discutido em torno do processo, antes de do tribunal proferir a sentença.

Os réus são acusados pelo Ministério Público dos crimes de peculato, branqueamento de capitais, burla por defraudação e tráfico de influência.

Na primeira sessão de discussão e julgamento, em Dezembro último, o Ministério Público afirmou que o Estado angolano gastou mais de oito milhões de dólares para reaver os valores depositados ilicitamente em Londres, mediante acção judicial.

De recordar que o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, numa carta enviada ao tribunal, após ter sido solicitado pela defesa de Valter Filipe, assumiu ter sido ele quem orientou o agora réu a efectuar a transferência dos 500 milhões de dólares.

José Eduardo dos Santos refere ainda, na carta, que não existia nenhuma possibilidade de alguém se apoderar desses valores, sob pena de, quem assim agisse, ser responsabilizado criminal e civilmente, porque o contrato era claro nesse capítulo.

Segundo o ex-chefe de Estado, nada foi feito de forma oculta ou às escondidas como agora se pretende fazer crer, afirmando que estavam em preparação os Decretos Presidenciais para a autorização desse processo.