O ex-director-geral da Afritaxi explicou em tribunal que tudo aconteceu em Setembro de 2009, na véspera da realização da Taça das Nações Africanas de futebol (CAN2010).

Face ao grande evento que o País preparava, conta Rasak, era necessário encontrar uma instituição que fosse capaz de importar entre 300 a 500 viaturas em pouco tempo.

José Manuel Rasak lembrou que foi nesta ocasião que ele e outros parceiros levaram a proposta ao ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que os encaminhou ao ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, com quem tratou do assunto.

Perguntado se foi o ministro dos Transportes, Augusto Tomás, quem sugeriu a criação da empresa Afritaxi, José Manuel Rasak respondeu que não.

"O ministro respondeu-me que o Ministério não se metia em negócios, pois era apenas um órgão de tutela e regulador do sector", lembrou.

Questionado se o ministro dos Transportes, Augusto Tomás, sabia dessa sociedade, o ex-director da AfriTaxi respondeu que sim.

José Manuel Rasak, o primeiro dos 30 declarantes, disse ainda que com esses valores a empresa AfriTaxis adquiriu cerca de 300 viaturas, tendo 150 ficado sob a responsabilidade da sua empresa, em Luanda, e outras 150 a cargo do CNC e da Unicargas, que serviriam as províncias de Benguela, Huíla e Cabinda.

"Quem ficou com essas viaturas foram os sócios Agostinho Itembo, antigo director-geral do Conselho Nacional de Carregadores, e Abel António Cosme, então PCA da Unicargas. E eu ainda os questionei sobre isso, mas eles nunca se mostraram interessados a formalizar a sociedade, e temos andado no "amanhã, amanhã"".

"Eu ainda cheguei a perguntar sobre essa questão das sociedades, pois sabia que se houvesse uma auditoria teríamos esses problemas que temos agora", contou.

O declarante José Manuel Rasak, de nacionalidade moçambicana, garantiu que a Afritaxi nunca recebeu os dividendos obtidos nas províncias de Cabinda, Huíla e Benguela, que, a par de Luanda, acolheram os diferentes grupos do CAN2010.

A acusação refere que, após as entregas dessas viaturas à Rend-Angola, empresa da qual eram sócios os fugitivos Agostinho Itembo, antigo director-geral do CNC, e Abel António Cosme, então PCA da Unicargas, não deram qualquer contrapartida ao Estado, que acabou por ficar prejudicado em mais de 27 milhões de dólares e 255 milhões de kwanzas.

Ainda ontem, o Tribunal Supremo ouviu o declarante Fidel da Silva, antigo administrador executivo para a área Financeira da ASGM, e José Kindanda, da Comissão Executiva da CIMMA.

Na empresa ASGM, conta acusação, o CNC aplicou mais de nove milhões de dólares, enquanto na empresa CIMMA, o Conselho Nacional de Carregadores investiu sete milhões. No entanto, essas empresas nunca trouxeram quaisquer retornos ou benefícios ao Estado angolano.

O julgamento prossegue esta manhã com o interrogatório de outros declarantes.