Sérgio Raimundo, advogado de defesa do general "Zé Maria", interrompeu o réu, pedindo desculpa ao juiz e solicitando autorização para fazer "algumas perguntas ao senhor tenente".

"Terminou os estudos em que classe?", perguntou o advogado, ao que o tenente Manuel Nicolau respondeu que completou a 12ª classe.

Sérgio Raimundo retorquiu: "Nem parece que é um oficial das Forças Armadas Angolanas (FAA), o senhor não sabe falar, estamos a falar português, na fase de instrução preparatória disse uma coisa, hoje está a falar outra. Não pode dizer duas verdades sobre uma realidade e sobre o mesmo facto".

O juiz Carlos Vicente interveio, exigindo respeito para com um oficial das FAA e transmitindo ao advogado de defesa do general "Zé Maria" que "não é preciso humilhar ninguém nem dar lições de moral".

"Estamos perante um tribunal, não tem o direito de falar assim com um oficial das FAA. Isso de nível académico não vem ao caso, senhor advogado, tenha mais respeito porque não está a falar com uma criança", disse o magistrado.

A discussão entre juiz e advogado levou a que o presidente do colectivo de juízes suspendesse a audiência, remarcando para o período da tarde de hoje a audição de outra testemunha, concretamente o ex- director do Jornal de Angola, José Ribeiro, arrolado no processo por ter publicado vários textos de opinião escritos por "Zé Maria", que retratavam a batalha do Cuíto Cuanavale e a Guerra dos Congos.