"O que quer isto dizer? Evoluímos? Estamos efectivamente numa nova era? Cabe-nos a todos analisar e monitorar este novo contexto político, influenciar no sentido de que as mudanças aconteçam e conferir se são qualitativas e efectivas", sublinhou Lúcia da Silveira quando discursava na abertura da 3ª Conferência Sobre "Transparência, Corrupção, Boa Governação e Cidadania em Angola", promovida pela AJPD.

Segundo ela, "as palavras não devem servir apenas para embelezar os discursos, elas devem, também servir para abrir caminhos para que, na prática, se criem as condições para passarem a acções concretas".

"Nota-se que da parte do Executivo existe o discurso e a boa vontade de combater e prevenir a corrupção e a falta de transparência. Todavia, ainda não é do conhecimento público a existência de um Plano Estratégico Nacional com metas, tarefas e actores bem definidos para a implementação da transparência na gestão pública, bem como da prevenção e combate à corrupção em Angola, que envolva a sociedade em geral", acrescentou.

Na sua opinião, o combate à corrupção "é um grande desafio e todos estão convocados para esta luta".

" Lembramos que atendendo à efémera política de Tolerância Zero à corrupção, a AJPD, que trabalha na defesa e protecção dos Direitos Humanos e no acesso à Justiça, há sete anos começou também a desenvolver projectos concretos sobre a Transparência e combate à corrupção em Angola", frisou.

A presidente da AJPD recordou que, além de duas conferências sobre transparência realizadas em 2011 e 2012, a instituição tem produzido e publicado vários materiais informativos e formativos sobre esta matéria, nomeadamente a colectânea de legislação fundamental para a prevenção e o combate à corrupção em Angola, um relatório sobre a topografia da corrupção e da falta de transparência em Angola e um Livro de temas de reflexão Académica intitulado: "Corrupção, Democracia e Desenvolvimento Sustentável em Angola", todos eles disponíveis neste evento.

"E como preparação para esta magna conferência, a AJPD realizou em Abril e em Agosto deste ano dois ciclos de conferência sobre transparência, corrupção, boa Governação e cidadania em Angola, com o foco na legislação sobre repatriamento de capitais e transparência no sector petrolífero", lembrou.

A terminar referiu que "esta conferência, à semelhança de outras realizadas, produzem boas reflexões, debates, boas conclusões e contribuem para inspirar os órgãos de Estado com competências de prevenir e combater os actos de corrupção".

O Auditório Cónego Manuel das Neves, situado na paróquia de São Paulo, em Luanda, acolhe a 3ª Conferência Sobre "Transparência, Corrupção, Boa Governação e Cidadania em Angola", que termina amanhã.

A 3ºconferência tem como objectivos o reforço da reflexão sobre o fenómeno e impacto da corrupção em Angola, a defesa do Estado Democrático de Direito e o exercício da cidadania.

A contribuição para que o Estado elabore um Plano Nacional de Combate à Corrupção e à Impunidade, contendo programas e políticas efectivas que visem prevenir, combater e punir os actos de corrupção, e que o mesmo sirva como guia de acção para os poderes públicos e a sociedade civil, são, entre outros, os objectivos da conferência.

Refira-se que a AJPD é uma organização nacional, apartidária, de carácter voluntário, e que pretende contribuir para a participação activa, consciente e responsável de todos angolanos no processo de consolidação do Estado de direito democrático e da paz.