O professor universitário Lucas Samy não compreende que um total de 733 médicos candidatos à prova de admissão no concurso público do Ministério da Saúde, realizado em Novembro último, tenha reprovado por dificuldades em acertar as questões temáticas específicas da profissão.

"Ao todo, participaram nos exames 1.355 candidatos dos 1.667 inscritos, mas destes apenas 622 obtiveram êxito. Não é saudável para o nosso ensino em Angola", lamentou.

Triste está Armando Kifoty, um outro professor universitário, que ao ler a notícia vinda do Huambo, que avança que os 260 candidatos ao preenchimento de vagas na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade José Eduardo dos Santos, nesta província, reprovaram todos, por não atingirem o valor mínimo exigido (10).

Segundo a mesma notícia, os mesmos serão submetidos a uma nova prova, marcada para o dia 15, para que possam ser seleccionados os 60 estudantes no 1º ano de engenharia agronómica e os 30 de engenharia florestal.

"Senti vergonha quando li que na primeira prova, realizada a 30 de Janeiro, cuja pauta foi publicada na quarta-feira, somente cinco candidatos tiveram notas entre os 8 e os 8.9 valores, enquanto sete obtiveram entre 7.1 e 7.95, sendo que os demais ficaram abaixo destas notas, ainda assim inferiores ao mínimo exigido", referiu.

Segundo ele, os concursos públicos estão a "destapar" a má qualidade do ensino em Angola, defendendo ser "urgente" a contra transposição da situação.

O sociólogo Leandro Camoxi reconheceu que o ensino em Angola vai mal em todos os seus níveis.

"A educação, sendo um sector crucial para atingirmos o desenvolvimento, tem de merecer toda a atenção dos poderes públicos, cuja agenda tem de estar permanentemente centrada na promoção de um ensino que possa assegurar a formação de quadros com competência", destacou.

Recorde-se que a Universidade José Eduardo dos Santos possui, na província do Huambo, o Instituto Superior Politécnico, as Faculdades de Economia Direito, Medicina Humana, Medicina Veterinária e Ciências Agrárias. Além destas, possui escolas superiores politécnicas nas províncias do Bié e Moxico.

De salientar que o ano lectivo de 2019 teve início a 1 de Fevereiro e termina a 17 de Dezembro, com um total de 45 semanas de actividades escolares.

No total, o MED prevê 38 semanas lectivas, equivalentes a 180 dias de aulas.

O primeiro trimestre abre a 1 de Fevereiro e termina a 17 de Maio, período que corresponde a 15 semanas, das quais 13 lectivas, correspondentes a 57 dias de aulas.

Já o segundo começa a 20 de Maio e tem o seu fim marcado para 23 de Agosto, o que equivale a 14 semanas, das 12 lectivas, num total de 60 dias de aulas.

O terceiro e último trimestre começa a 26 de Agosto e termina a 17 de Dezembro, correspondendo a 16 semanas, 13 das quais lectivas, num total de 63 dias de aulas.

Segundo o calendário escolar, no primeiro trimestre, além da pausa pedagógica, haverá duas interrupções de três dias, para o Carnaval, e uma para a Páscoa.

No primeiro e segundo trimestres foram reservadas duas semanas de pausa para os alunos, de forma a permitir uma melhor articulação entre as actividades docentes-educativas.

Para o ano lectivo em causa, prevê-se a inscrição de mais de 10 milhões de alunos (nos vários subsistemas de ensino), número similar ao de 2018.