São agora seis os países africanos cujos cidadãos, de acordo com as indicações do Ministério da Saúde, que coordena a Comissão Multissectorial do Governo angolano para lidar com o Covid-19, ficam impedidos de entrar em Angola.

O documento enviado à imprensa pelo Ministério da Saúde, assinado pela ministra Sílvia Lutucuta, diz que aos países africanos basta terem casos registados no seu território para que entrem na lista dos países com pessoas deles provenientes impedidas de entrar em Angola.

No que se refere aos países europeus e asiáticos, a medida é mais específica e, segundo o mesmo documento, a proibição incide apenas sobre aqueles que têm confirmados casos de transmissão autóctone, ou seja, que esteja provado o contágio entre pessoas que não têm qualquer ligação à China, onde tudo teve início, ou a outro país com a epidemia instalada.

Assim, fora de África, não podem entrar em Angola cidadãos provenientes da China, do Irão, da Coreia do Sul e da Itália, independentemente das suas nacionalidades.

Este documento, assinado pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, adianta que a medida, inserida na acção da Comissão Multissectorial para lidar com o risco de entrada e contágio em Angola do Covid-19, entra em vigor hoje, 03 de Março, terça-feira.

O documento explica que todas as companhias transportadoras devem informar previamente os viajantes sobre a interdição e que aquelas que violarem o instrutivo serão responsabilizadas pelo repatriamento imediato dos viajantes.

E acrescenta que a direcção nacional de saúde pública deve diariamente actualizar a lista de países com base nos critérios definidos no despacho, tendo em conta o aumento dos casos por coronavírus a nível mundial e a necessidade de prevenção da expansão da epidemia em Angola.

Recorde-se que a TAAG inaugurou recentemente uma ligação entre Luanda e Lagos, na Nigéria, um dos países abragidos, o que vai obrigar a companhia nacional de bandeira a suspender esta rota a partir de hoje.

Angola anunciou ainda quarentena obrigatória, a vigorar a partir de terça-feira, para todos os cidadãos que tenham estado na China, Coreia do Sul, Irão e Itália, países com "casos autóctones" do surto de coronavírus.

Os novos casos registados em África dizem respeito, no que a Marrocos diz respeito, a um cidadão marroquino acabado de chegar de Itália, o mesmo país de origem de um tunisino confirmado com o Covid-19, que é o único caso reconhecido pelo Governo de Tunes, enquanto o caso senegalês diz respeito a um cidadão francês chegado nas últimas horas a Dacar.

Entretanto, a Argélia que já estava no mapa africano dos contágios confirmados, acaba de anunciar a existências de mais dois casos, no Egipto está confirmado mais um, somando dois no total até hoje, terça-feira, enquanto na Nigéria se mantém o registo de apenas um caso, o de um italiano chegado a Lagos na passada semana.

Esta lista é actualizada diariamente, o que indica que nos próximos dias ou horas podem entrar novos países, incluindo Portugal, aquele que tem a mais intensa ligação a Angola, com mais de 10 voos semanais a ligar as duas capitais, Lisboa e Luanda.

Covid-19 no mundo

Esta infecção, que começou em Wuhan, China, em Dezembro de 2019, chegou a 53 países, com 90 mil casos e 3.110 mortos registados, embora a esmagadora maior parte esteja confinada à China continental, onde a epidemia começa a dar sinais claros de regressão.

Os países mais em foco actualmente são o Irão e a Itália, com um número crescente de casos de contágio e de mortes.

O Irão tem já 77 mortes confirmadas e mais de mil contágios. Em Itália, são já 53 mortos numa soma total de mais de 2 mil infecções registadas.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas

Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.

Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.

Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.

O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.

A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem doentes.