O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde congolês, Eteni Longondo, que disse tratar-se de um cidadão belga que está há alguns dias naquele país.

"Os resultados dos exames deram positivo", disse o ministro, avançando que o doente foi detectado na capital Kinshasa e está hospitalizado.

"Estamos a rastrear as pessoas com quem esteve em contacto para que sejam todas colocadas em isolamento e testadas", acrescentou.

Kinshasa tem voos directos para Bruxelas e Paris e, de acordo com o ministro, à saída dos aviões está a ser medida a temperatura aos passageiros, que são ainda submetidos a um questionário médico.

Com o caso de Covid-19 registado na RDC, país vizinho de Angola, são agora 11 os países africanos - sete dos quais na África subsaariana - que registam casos declarados da doença - África do Sul, Argélia, Burkina Faso, Camarões, Egipto, Marrocos, Nigéria, República Democrática do Congo, Senegal, Tunísia e Togo.

A maioria dos mais de 90 casos registados concentra-se no Egipto, que actualmente tem 33 casos confirmados da epidemia e mais de 50 suspeitos à espera de resultados laboratoriais num navio de cruzeiro no Rio Nilo, incluindo estrangeiros, dos quais duas dezenas de portugueses, e nacionais, num total de 171 turistas e 70 membros da tripulação egípcios a bordo, e mais três casos em todo o país.

Ontem, o Governo do Egipto anunciou a primeira morte por coronavírus Covid-19 no conrinente africano, depois de ter sido igualmente o primeiro país a registar casos da epidemia que desde Dezembro já infectou mais de 100 mil pessoas e matou mais de 3.800 em todo o mundo.

Entretanto, em África já são conhecidos dezenas de casos confirmados, desde Marrocos, no norte, até à África do Sul, no extremo sul do continente, onde nas últimas horas foram anunciados três casos de contágio por Covid-19.

No resto do mundo, depois da China, onde a epidemia teve início, em Dezembro, na cidade de Wuhan, é em Itália que o problema é mais agudo, com o maior crescimento no número de casos e de fatalidades - mais de 6 mil casos e 235 mortes.

Recorde-se que em Angola ainda não foi registado qualquer caso da epidemia que desde Dezembro do ano passado, depois de detectado na cidade chinesa de Wuhan, já fez, em todo o mundo, mais de 100 mil vítimas, entre estas mais de 4.000 mortes.

Angola reforça vigilância em fronteiras com a vizinha RDC

As autoridades sanitárias angolanas vão reforçar as medidas de vigilância epidemiológica ao longo da fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), depois de confirmado o primeiro caso de coronavírus.

A informação foi avançada pelo secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, que acrescentou que o Ministério da Saúde está a acompanhar "com preocupação" o surgimento do primeiro caso de Covid-19 na RDC.

"Todavia, estamos a acompanhar a implementação do nosso plano de contingência. O caso na RDC é importado, não há ainda a circulação a nível da comunidade, o que poderia levar-nos a reforçar cada vez mais as medidas que estão a ser implementadas ao longo da fronteira", disse, em declarações à Rádio Nacional de Angola.

"Já interagimos com os gabinetes provinciais de saúde das províncias que fazem fronteira com a RDC, para poder reforçar a vigilância que já referi", continuou.

Angola e RDC partilham uma vasta fronteira terrestre e fluvial, com mais de 2.500 quilómetros.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas

Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.

Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.

Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.

O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.

A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, ou sabão, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem infectadas.