Apesar do número galopante de infecções, os EUA, com 3.170 mortos, segundo dados actualizados na manhã de hoje, 31 de Março, ainda não chegaram ao número de fatalidades da China, onde, oficialmente, morreram 3.309 pessoas vítimas da pandemia do novo coronavírus que provoca a Covid-19.

Mas nos EUA a situação é de tal modo grave em estados como o de Nova Iorque, que o governador Andrew Cuomo tem lançado nas últimas horas veementes pedidos de ajuda porque as estruturas de saúde locais estão a rebentar pelas costuras, prometendo mesmo que quando tudo passar, Nova Iorque vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para retribuir os favores que agora receber nesta "guerra" contra a pandemia.

Um dos pedidos é que todos aqueles, enfermeiros e médicos, que não estejam com uma crise em mãos, se desloquem para Nova Iorque de forma a ajudar os seus colegas locais que estão a fazer turnos de 12 horas sucessivos, com casos graves de exaustão a sucederem-se uns aos outros.

Nova Iorque é o estado com mais mortes nos EUA, superando já as 1.200, enquanto as infecções confirmadas se aproximam das 40 mil, tendo a iminente ruptura do seu sistema de saúde, público e privado, levado a que a Marinha dos EUA enviasse para a cidade um gigantesco navio-hospital com mais de mil camas, para apoiar nos esforços de combate à Covid-19.

Entretanto, depois dos Estados Unidos, a Itália surge logo a seguir como o país com mais casos, 101.739, segundo o mapa interactivo criado pela Universidade John Hopkins, cujos números são publicados ao minuto, embora se note já uma diminuição nos novos casos registados diariamente.

Espanha surge logo a seguir com 87.956, depois a China, com 82.240, embora este país, o berço da pandemia, já não esteja nos radares das preocupações mundiais porque o número de novos casos é insignificante e os que surgem são, segundo dados oficiais, importados, estando mesmo a vida a regressar paulatinamente ao normal em cidades como Wuhan, onde tudo teve início.

Alemanha, França, Irão e Reino Unido seguem-se na lista dos países mais afectados, como 66.885, 45.170, 41.495 e 22.454 casos respectivamente.

Em África, onde a pandemia mostra estar a chegar de forma mais lenta, pelo menos no que é permitido verificar através dos números oficiais, embora algumas organizações internacionais admitam que os números no continente tendem a ser mais elevados que aquilo que mostram os gráficos oficiais, a África do Sul é o país mais afectado, com 1.326 casos e três mortos entre estes, seguindo-se o Egipto, com 656 casos e 41 mortos, e a Argélia, com 584 infecções e 35 mortos, surge a seguir.

Angola, com sete infecções confirmadas, das quais resultaram duas mortes, sendo que um dos pacientes já recuperou totalmente, permanece como um dos países onde, oficialmente, o número de vítimas é mais baixo no continente.

O exemplo português

Em Portugal, de onde chegaram vários dos pacientes a Angola com a infecção, as medidas extremas de confinamento social, semelhantes às que foram declaradas em Angola, com o estado de emergência, começam a dar resultados visíveis e o número de casos de um dia para o outro, entre segunda e terça-feira, hoje, registou a variação mais baixa desde o início da pandemia, a 10 de Março.

Aquele país europeu, com quem Angola tem as relações mais estreitas, como o provam os cerca de 10 voos semanais directos entre Luanda e Porto/Lisboa - agora suspensos -, tem quase 6.500 casos e já registou 140 mortes, mas, em relação aos vizinhos europeus, as medidas parecem estar a ser ali mais eficazes, com o crescimento da pandemia em ritmo mais lento que, por exemplo, em Espanha, Itália ou em França.

Este resultado, como a imprensa europeia tem sublinhado, é fruto da rapidez com que as medidas foram tomadas, o que pode ser um indicador importante para Angola, onde o confinamento e o distanciamento social - ficar em casa e quande se sair, manter uma distância de dois metros em relação à outra pessoa - estão a ser praticados com evidentes falhas, como as autoridades nacionais já admitiram, garantindo aumentar a dureza da actuação das autoridades para corrigir esse problema.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas

Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.

Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos, mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.

Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.

O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.

A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, ou sabão, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem infectadas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) organizou um guia essencial sobre o coronavírus/Covid-19 que pode ver aqui.