Com os 62 casos das últimas 24 horas, o País soma 458 casos, dos quais 23 óbitos, 117 recuperados e 319 activos.

Os novos casos foram todos registados na província de Luanda.

Sobre a morte ocorrida nas últimas horas, a ministra explicou que se de uma paciente que se encontrava em estado crítico numa das unidades de tratamento da capital.

A testagem aleatória em massa foi reforçada a nos últimos dias, "olhando para conglomerados de alto risco", como os mercados, informou a ministra, acrescentando que foram já testadas 2.875 pessoas: 1.500 no mercado do Kikolo, e 1.000 no mercado do "30", na província de Luanda, e 375 na província do Kwanza Norte.

No mercado do Kikolo foram detectadas 87 amostras reactivas, das quais 16 IgM (com presença de anticorpos que indiciam fase activa da doença) e 71 IgG (que assinalam que a pessoa teve contacto com o vírus mas pode estar imunizada). No mercado do "30", 26 amostras foram reactivas, incluindo três IgM. Já no Kwanza Norte foram registadas 14 amostras reactivas (12 IgG e 2 IgM).

As pessoas que revelaram IgM "estão a ser levadas para isolamento" e todos os casos reactivos serão testados por outro método para ter os resultados de biologia molecular (teste conhecido como RT-PCR), disse Sílvia Lutucuta, acrescentando que estes testes serológicos servem para rastreio e detectam anticorpos relacionados com a covid-19, permitindo avaliar a imunidade da população e rastrear eventuais casos positivos.

Também a Polícia Nacional começou a ser testada pois "interage com muita frequência com os cidadãos", afirmou a ministra.

Esta sexta-feira, a Comissão inicia a testagem nos Mártires do Kifangondo, explicou Sílvia Lutucuta.

No espaço reservado às perguntas dos jornalistas, e questionada sobre se Angola já tem transmissão comunitária, a ministra admitiu: "Não estamos longe".

"Não há melhor forma senão ir mesmo à comunidade, por isso estamos a fazer testagem em grande escala para fazer amostras substanciais para aceitar a circulação comunitária, não estamos longe e temos de estar preparados", afirmou, salvaguardando que os números são inferiores ao que era esperado.

"A expectativa era encontrar 10%, mas estamos a encontrar cifras bem inferiores, uma percentagem inferior a 0,8%. Ainda estamos neste cenário", declarou a responsável.

O ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, esteve esta quinta-feira na conferência de imprensa da Comissão Multisectorial para a Prevenção e Combate ao Covid-19 para fazer a actualização dos casos de cidadãos repatriados para o País, que são já mais de 5.700, vindos de países tão distintos como Portugal (2.158), África do Sul (1.470), República Democrática do Congo, Brasil, Turquia, Rússia, China e Cuba.

Hoje mesmo chegaram mais de 400 cidadãos angolanos da África do Sul, a que se seguirá o repatriamento das pessoas que se encontram em Portugal e Brasil, informou o ministro.

"Sabemos das dificuldades grandes que estão a passar nesses países, não estamos alheios, os dinheiros que se acabaram, etc. Temos procurado acudir, aqui e acolá, a situações menos boas que podem criar dificuldades aos nossos cidadãos", afirmou, acrescentando que a prioridade tem sido os países onde se encontram maiores comunidades de angolanos que não puderam ainda regressar ao seu país devido ao fecho de fronteiras, como "Portugal pelo número bastante grande" de angolanos que ali se encontra (cerca de 7.000 cidadãos), mas também o Brasil "que também tem um número considerável" e a África do Sul.

Pedro Sebastião relembrou que são gastos valores na ordem dos 50 mil kwanzas diários, que rondam, só na quarentena institucional, os três mil milhões kz.

O vírus, o que é e o que fazer, sintomas

Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.

Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.

Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.

O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.

A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, ou sabão, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem infectadas.