Esta granada de morteiro era apenas um de muitos milhares de munições ou minas terrestres semeadas em Angola até 2002, ano em que terminaram as longas décadas de guerra, e que todos os anos continuam a fazer centenas de vítimas, entre mortos e feridos.

As crianças, que ingenuamente brincam com estes objectos que encontram, muitas das vezes, próximo das suas casas, estão entre as que mais sofrem acidentes com estes restos da guerra.

Segundo a descrição feita pela polícia de Milunga, a explosão ocrreu quando a criança manuseava o engenho explosivo próximo de outras duas pessoas, incluindo uma outra criança e uma pessoa adulta, que ficaram gravemente feridas na mesma explosão.

Este é mais um da vasta lista de acidentes com engenhos explosivos perdidos durante a guerra, sendo que só entre 2003 e 2014, mais de 150 mil pessoas foram assistidos em Angola pela Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH), tendo ainda muitas centenas perdido a vida. Só em 2016 morreram cerca de 20 pessoas.

Apesar dos esforços de desminagem realizados na última década, Angola permanece, segundo o Coordenador Residente da ONU e Representante Residente do PNUD em Angola, Paolo Balladelli, mais de 1460 áreas no país com minas antipessoais e outros explosivos militares por detectar e remover.

Esta dimensão da área por limpar foi divulgada em Junho último por Paolo Balladelli, na Conferência Nacional de Desminagem, onde sublinhou que já foram desminados cerca de 1600 territórios minados, faltando um investimento estimado de 265 milhões de dólares para que o país possa cumprir com os seus compromissos internacionais nesta matéria.