Segundo os agentes da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro, pelo menos uma das pessoas que tem aliciado jovens brasileiros a participar no desafio "Baleia Azul" mora em Angola.

A convicção da Polícia brasileira decorre da anáise de vários endereços IP, uma espécie de impressão digital dos computadores, que permite localizá-los.

A partir da investigação a alegados curadores - figuras especializadas em atrair jovens emocionalmente vulneráveis, obrigando-os a realizar as provas mais extremas, muitas vezes com ameaças aos seus familiares -, as autoridades brasileiras identificaram um IP angolano, utilizado por alguém que se apresenta como "Peixe Novo".

Na altura, a PN recorreu a um vídeo, publicado na sua página no Facebook, a para prevenir a população sobre o desafio "Baleia Azul", apontado como a causa de uma vaga de suicídios entre jovens de todo o mundo.

O fenómeno começou por ser noticiado na Rússia, e embora tenham surgido versões a contestar a sua veracidade, jornais de diferentes latitudes começaram a divulgar histórias de suicídios ou tentativas de suicídios de jovens, sempre com o mesmo pano de fundo: um jogo online que desafia a arriscar a própria vida.

Denominado "Baleia Azul" - nome que é explicado por comportamentos suicidas observados nestes animais -, o desafio é apresentado como uma sequência de 50 provas que incluem incentivos à auto-mutilação e, no limite, ao suicídio.

Embora ainda não haja relatos de casos no país, o facto de as vítimas serem atraídas através das redes sociais potencia a sua rápida propagação a todo o mundo, Angola incluída.

O risco é reconhecido pela PN, que apela à denúncia de situações que possam estar associadas a este fenómeno, alertando para alguns sinais a ter em conta. Nomeadamente: sinais de auto-mutilação nos braços, pernas e lábios, o interesse repentino por filmes de terror ou a realização de actividades no meio da madrugada

"Os pais devem informar a Polícia e os colegas de escola devem informar os professores ou psicólogos escolares", aconselha a corporação.

A Polícia Nacional lembra ainda que a participação no desafio começa a partir do convite de uma figura intitulada de curador, administrador ou moderador, que se especializa em atrair jovens emocionalmente vulneráveis, obrigando-os a realizar as provas mais extremas, muitas vezes com ameaças aos seus familiares.

"Há muitos jovens que escrevem mensagens na Internet a dizer que não estão bem e, segundo me dizem, são esses que são contactados", explicou o psiquiatra português Daniel Sampaio numa entrevista ao diário Público, onde chamou a a atenção para a gravidade deste tipo de actuação.