"Pela ronda que fizemos, os enfermeiros que faziam prescrição médica na capital do País deixaram de o fazer", disse Cruz Matete, salientado que as prescrições médicas só serão feitas por enfermeiros em caso de emergência.

Num pronunciamento público, a 25 de Maio, na província do Cunene, a bastonária da Ordem dos Médicos, Elisa Gaspar, manifestou a pretensão da Ordem dos Médicos em pôr fim à situação das receitas médicas, atestados e certidões de óbito passadas por enfermeiros, por estes não estarem qualificados para o efeito.

Em reacção a essa comunicação, a Ordem dos Enfermeiros de Angola repudiou as declarações da bastonária da Ordem dos Médicos sobre a posição do enfermeiro nas unidades sanitárias.

A Ordem dos Enfermeiros de Angola, segundo Cruz Matete, agradece a decisão da bastonária dos Médicos, Elisa Gaspar, argumentando que, mesmo fazendo esse sacrifício, os enfermeiros nunca foram pagos por fazer prescrição médica.

"O sector da Saúde conta com 69.816 trabalhadores, 3.500 médicos angolanos, 35.458 profissionais de enfermagem e 8.078 técnicos de diagnóstico e terapêutica, bem como 11.329 trabalhadores de apoio hospitalar e 11.576 trabalhadores administrativos", frisou lamentado que com o número de médicos que o País tem não vai ser possível fazer prescrições em todos os hospitais.

"A senhora bastonária já não consegue pedir desculpa perante essa falha. As suas declarações implicam ausência de ética, de ignorância e imoralidade grave, ao comparar o médico a Deus na terra", criticou.

Em várias unidades hospitalares de Luanda onde não há médicos registou-se hoje um transtorno com os doentes a regressarem a casa sem receitas médicas.

"O pior vai ser nas zonas rurais onde não há médicos. Eu não sei como é Ordem dos Médicos vai resolver a situação", desafiou Cruz Matete.

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) e a Rede Sanitária compreendem 2. 644 unidades sanitárias, nomeadamente 15 hospitais nacionais, 25 hospitais provinciais, 45 hospitais gerais, 170 hospitais municipais, 442 centros de saúde, 67 centros materno-infantis, 1.880 postos de saúde e 37 outras infra-estruturas.