Cinco seguranças de João Maria de Sousa impediram e maltrataram vários jornalistas que tentavam colher declarações após este ter prestado declarações, durante mais de quatro horas, no Tribunal Provincial de Luanda, esta segunda-feira.

No final da audiência, que decorreu à porta fechada, o ex-Procurador-Geral foi interpelado por vários jornalistas que o aguardavam à porta da sala da 6.ª secção do Tribunal Provincial de Luanda.

João Maria de Sousa, inicialmente, mostrou-se disponível e começou a responder às perguntas que estavam a ser colocadas pelos repórteres, mas, logo depois, cinco dos seguranças que o acompanham, ao abrigo do estatuto de ex-PGR, e respondem às suas ordens, afastaram os jornalistas com cotoveladas e outras atitudes agressivas, como empurrões, inclusive ao jornalista do Novo Jornal Online.

Nas breves declarações que ainda proferiu, João Maria de Sousa disse esperar que "a decisão do tribunal seja justa" no final do processo.

"Eu fui difamado", concluiu antes da intervenção dos seus seguranças.

Nas últimas sessões do julgamento, o ex-PGR não se fez presente e, sobre este processo, apenas se pronunciou publicamente durante a cerimónia de abertura do Ano Judicial 2018, onde afirmou, em tom de desafio, sobre Rafael Marques: "Vamos ver até onde é que chega a coragem, até porque uma coisa são as convicções que determinada pessoa tem e outra coisa é a realidade factual e jurídica relacionada com a questão"

Rafael Marques acusou, em 2016, num artigo publicado no seu site Maka Angola, o então Procurador-Geral da República, João Maria Sousa, de corrupção, alegação que tem reiterado nos últimos dois anos e que prometeu repetir em tribunal. Mariano Brás surge no processo por ter republicado o mesmo artigo.

Por causa desse artigo, foram ambos processados por "crimes de injúrias a órgão de soberania".

Na origem da acusação contra Rafael Marques está uma notícia de Novembro de 2016, com o título "Procurador-Geral da República envolvido em corrupção", que denunciava o negócio alegadamente ilícito, realizado por João Maria de Sousa - que cessou funções de procurador-geral da República no final de 2017 -, envolvendo um terreno de três hectares em Porto Amboim, província do Kwanza Sul, para construção de condomínio residencial.

Segundo o magistrado - que lembrou que "como qualquer outro cidadão tem direitos" - essa transacção nada teve de ilegal e esclareceu ainda que moveu este processo para defender o seu bom nome, honra e dignidade.