A informação foi prestada à imprensa, hoje, por Daniel dos Santos, irmão do sindicalista Lazarino dos Santos, que avançou que ambas as famílias tomaram essa decisão.

"Enquanto a PN não esclarecer os motivos que levaram os seus agentes a assassinar o meu irmão e Álvaro Estevão, não vamos realizar o funeral. Não importa o tempo que levar, nós não vamos enterrar os nossos familiares sem explicações de quem o matou", avançou.

As famílias, desoladas, clamam por justiça e afirmam que nenhum deles tinha problemas com ninguém e que eram boas pessoas, a nível da vizinhança e da família, facto confirmado pelos vizinhos, ao Novo Jornal.

"Esses dois senhores não eram delinquentes nem malcomportados, todos podemos afirmar isso. E também temos a certeza que foram mortos pela Polícia naquela noite, porque vimos e ninguém vai nos dizer o contrário", narram os vizinhos.

Segundo os familiares, até ao momento nenhum elemento dos Serviço de Investigação Criminal (SIC) apareceu no local para garantir que as investigações estão a ser feitas.

Na porta de casa do secretário nacional do SIMPTENEU, morto na segunda-feira, ainda é visível o sangue espalhado no chão e as marcas dos tiros nas paredes efectuados naquela noite, como constatou o Novo Jornal no local.

Zacarias Jeremias, advogado do SIMPTENEU, que acompanha o processo, assegurou que é preciso que a PN esclareça a situação para que as famílias tenham as certidões de óbito.

O advogado salientou também que a PN retirou os corpos das vítimas, que se encontram no Hospital Geral de Luanda, e levou-os para o Hospital Josina Machel sem dar nenhuma explicação a família.

Ontem, durante a habitual conferência de imprensa de apresentação dos resultados da Covid-19 no País, o sub-comissário Waldemar José, director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do MININT, prometeu esclarecer o assunto oportunamente.

O porta-voz do MININT deixou claro, na conferência de imprensa, que não se pode afirmar que foram os efectivos da PN quem assassinou os dois homens, porque tudo ocorreu numa rua escura, facto contrariado pela vizinhança, que afirma que a rua tem muita iluminação.

Lazarino dos Santos e Álvaro Estevão foram mortos a tiro na noite de segunda-feira,25, por volta das 21:00, quando alegadamente efectivos da PN surpreenderam o sindicalista, que estava à porta de casa reunido com grupo de vizinhos, que acertavam detalhes do trabalho do pavimento da rua onde vivem, quando foram alvejados mortalmente.

A Polícia Nacional, na voz do sub-comissário Waldemar José, disse ao Novo Jornal que houve uma ocorrência perpetrada por meliantes, na zona do Dangereaux, que culminou com a morte de dois cidadãos.

Segundo Waldemar José, a PN recolheu o corpo do jovem sindicalista, e inspeccionou o lugar do crime, facto desmentido pelos familiares, que asseguram que foram os vizinhos quem levaram os dois jovens ao Hospital Geral de Luanda, ainda com vida.

Waldemar José, garantiu que o crime está sob investigação.