Foi em Janeiro de 1997, pouco tempo antes de morrer, em Paris, vítima de um acidente rodoviário, em Agosto desse ano, que a Princesa Diana visitou Angola, esteve em locais onde equipas procediam à desminagem de terrenos e foi feita a mundialmente famosa fotografia dela a caminhar num campo de minas com viseira de protecção e um colete da The Halo Trust, uma ONG britânica e norte-americana que se dedica a limpar detritos e explosivos de guerras em todo o mundo.

Foi com a sua passagem por Angola e pouco depois da sua morte que as minas terrestres foram banidas em todo o mundo através de um processo conduzido pelas ONG do sector em colaboração com as Nações Unidas.

Agora, 22 anos depois, o filho de Diana, Harry, e a sua mulher, Meghan, regressam a Angola com a questão da desminagem igualmente no topo da agenda, embora, enquanto príncipes e potencialmente herdeiros do trono do Reino Unido, a sua passagem por Angola terá ainda uma componente política que não foi ainda revelada.

Harry e Meghan vão estar, para além de Angola, em países como a África do Sul e o Malawi.

De acordo com a imprensa britânica, o Príncipe Hary vai participar, em Londres, numa conferência sobre minas terrestres em Angola, onde vai recolher informação sobre este tema antes da visita e que é ainda forte condicionador da vida de milhões de pessoas em todo o mundo, como é o caso de Angola, provocando anualmente, ainda, centenas de mortes e milhares de feridos em países que, nalguns casos, estão em paz há décadas mas com a guerra a continuar a explodir debaixo dos pés dos seus cidadãos.

Na comunicação do Palácio de Buckingham sobre esta conferência onde Harry vai estar é avançado que Angola é ainda um país com largas áreas do seu território inseguras por causa da presença de minas terrestres.

As mesmas minas que deixaram deficiente a criança de 13 anos, Sandra Tigica, que Diana sentou ao seu colo e cja fotografia foi considerada fundamental na campanha que se seguiu para combater este tipo de arma combate pela forma como mata de forma indiscriminada e, por vezes, pessoas que nasceram em países em paz e muitos anos depois de terem sido "plantadas".

Com esta visita, Harry e a sua mulher dão continuidade à "guerra" que Diana declarou às minas terrestres, sendo considerada uma visia de alto risco pelo Palácio de Buckingham mas, segundo a imprensa britânica, foi decidido que mesmo assim será realizada.

No Malawi e na África do Sul, a visita dos príncipes erá como mote a questão da luta contra o VIH/Sida.

Recorde-se que, na altura da visita de Diana a Angola, a imprensa dava como garantido que o país tinha mais de 10 milhões de minas em todo o seu território, semeadas pelo conflito antes da independência, a partir de 1961, e após 11 de Novembro de 1975, que, posteriormente, embora sem números exactos, se veio a revelar um número excessivo. Mas, logo após o fim da guerra, em 2002, havia pelo menos 3 mil locais minados no país.

Hoje, segundo o brigadeiro José Domingos de Oliveira, director do Instituto Nacional de Desminagem (INAD), em declarações recentes ao Jornal de Angola, o processo de desminagem corre bem e "estão criadas as estruturas, traçadas as políticas e as estratégias e o instituto desenvolve o seu trabalho em todo o território nacional"

Mas o problema ainda é real e Angola ainda é um dos países mais minados do mundo, como reafirma ainda o responsável pelo INAD.

Entre 1961 e 2002 foram usadas minas, das mais diversas origens, tipos e potências, por vários exércitos e milícias, disse, acrescentando: "Só para ter uma noção, até agora foram identificadas cerca de setenta tipos de minas. Isso fez de Angola um dos países mais minados do mundo. Portanto, apesar de todo o trabalho que já foi realizado pelos distintos actores nacionais e internacionais, ainda existem muitas minas em praticamente todo o país".

E nesta entrevista ao JA, José Domingos Oliveira admite que "Angola possui, ainda, acima de mil campos de minas confirmados", o que ainda condiciona a agricultura no país e alguns projectos de desenvolvimento industrial ou imobiliário, entre outras situações que se alargam a praticamente todo o país.

É este cenário que o filho da Princesa Diana e a sua mulher, Meghan, vão ficar a conhecer quando chegarem a Angola ainda este ano.

E, porque terminar o trabalho vai ser caro e prolongado, tal como a sua mãe fez, espera-se que Harry dê igualmente um impulso importante neste processo.