A informação foi avançada ao NJOnline pela Comissão Sindical dos trabalhadores da Empresa CIF-One Fábrica de Cimento e Central térmica.

"Apresentamos um caderno reivindicativo em Junho do ano passado com 14 pontos, onde os mais relevantes são o ajustamento salarial, a falta de transporte e seguro de saúde, bem como alimentação e a falta de equipamento de protecção individual", disse o porta-voz dos grevistas.

Salomão Gaspar, membro da comissão sindical, contou ao NJOnline que a direcção de empresa respondeu 30 dias depois a todos os pontos do caderno reivindicativo, de forma satisfatória, tendo prometido resolver esta situação antes do final dia 31 de Janeiro deste ano, "coisa que não aconteceu".

"A direcção prometeu aumentar 30 por cento os salários de todos os funcionários e que tudo ficaria resolvido no mês passado", contou.

Segundo Salomão Gaspar, no dia 09 deste mês, os funcionários decidirem, em assembleia de trabalhadores, decretar uma greve geral para exigir da entidade patronal o cumprimento dos pontos constantes do caderno reivindicativo.

De acordo com o membro da comissão sindical, a declaração de greve foi apresentada à direcção da empresa e aos órgãos ministeriais no prazo estipulado por lei.

A CIF- Central Térmica do KM 44 (Bom Jesus) produz energia eléctrica para linha da Zona Económica Especial, Luanda - Bengo (ZEE), que fornece electricidade para o centro de distribuição do Camama.

Em Dezembro último, a redacção do NJOnline recebeu uma carta dos funcionários da CIF- Central Térmica a denunciar várias irregularidades da empresa.

A carta refere que a empresa não está a fazer cumprir à Lei Geral do Trabalho.

"Somos um grupo de trabalhadores da CIF-Central Térmica Lda, sita no Km 44, Bom Jesus, pertencente ao Grupo CIF, que não está a respeitar a lei angolana, mesmo possuindo dentro do Conselho de Administração membros angolanos", adianta a missiva.

A carta refere que a direcção da Central Térmica "tem comportamentos racistas", de modo que há trabalhos que só os angolanos é que fazem, tais como "arrancar capim por baixo de linhas de tensão de 63 KV (subestação elevada) e descarregar combustíveis pesados sem os devidos equipamentos de protecção, mesmo com os constantes gritos de socorro".

"Quando decidimos não fazer estes serviços, eles abrem-nos processos disciplinares que chegam a ter como resultado despedimento ou redução dos salários, que já são baixos", acusam.

Os funcionários dizem ainda que a entidade patronal não aceita dar formação aos angolanos para que estes possam operar as turbinas, situação que os deixa preocupados.

"Somos boicotados e apenas nos deixam fazer serviços auxiliares e somos obrigados a ensinar esses serviços aos expatriados que, segundo a direcção, têm mais experiencia que nós. Mas isto é uma mentira, pois muitos deles apenas têm formação básica e aprendem tudo na Central, connosco", apontam.

Os funcionários referem ainda que a diferença salarial é abismal. "Só para terem uma ideia, todos os trabalhadores do departamento de operação, incluindo os engenheiros angolanos desta empresa, auferem 45 mil kwanzas, como salário base, enquanto os chineses sem formação académica, apenas com formação profissional auferem de 1.400 à 7.000 dólares, de acordo com o câmbio do BNA", denunciam.

Existe na empresa um critério de qualificação, refere a denúncia, mas só para os estrangeiros, coisa que os trabalhadores não percebem.

"Para eles, os angolanos não prestam, mas recrutam angolanos formados para quê?" Questionam-se.

Sobre o assunto, o NJOnline solicitou, por escrito, à direcção do grupo China International Fund Angola (CIF), uma reacção a este protesto, mas não obteve resposta.