João Melo, que esteve no Lubango para presenciar o lançamento do segundo jornal regional das Edições Novembro, o Ventos do Sul, que terá uma abrangência editorial centrada nas quatro províncias do sul - Huíla, Cunene, Kuando Kubango e Namibe -, onde realizou uma palestra para profissionais e estudantes de jornalismo, aproveitou para sublinhar a importância de os jornalistas criticarem com rigor e objectividade mas também o seu papel na denúncia de práticas nefastas para a sociedade, como, e deu esse exemplo, o vandalismo de bens públicos.

Sob o lema "A verdadeira função do jornalista", o ministro da Comunicação Social disse na sua palestra ser visível que no último ano, coincidente com a chegada ao poder do Presidente João Lourenço, a imprensa tem contribuído para melhorar a vida das pessoas, mas defendeu que é preciso ir mais longe.

E, depois de ter criticado fortemente o seu desempenho no passado por mostrar um país irreal - sabendo-se, no entanto, que a imprensa estatal foi sempre sujeita a esta acusação por parte da oposição e das organizações da socidade civil -, João Melo pede agora que se inicie um novo ciclo, onde a comunicação social deve ir atrás dos bons exemplos, para que estes se reproduzam.

Citado pela Angop, João Melo pediu ainda que a imprensa ajude a mobilizar a sociedade para a resolução dos problemas sociais e para que, ao criticarem o desempenho do Governo, isso seja feito de forma "rigorosa e factual" para ajudar a melhorar a governação.

Mas deixou críticas ao desempenho de alguns jornalistas e, em tom acusatório, ainda segundo a Angop, disse que "os jornalistas são uma espécie de confraria global" que tende a defender e a esgrimir sob os mesmos pontos de vista e que há jornalistas que "confundem jornalismo com activismo" ou ainda os que se assumem como "justiceiros"

"Uns estão a optar por ataques sistemáticos a pessoas e instituições, outros ainda vão para o opinativo, pensam que sabem tudo. Vivemos numa espécie de império de opinião, mesmo sem ter dados. Isso empobrece o jornalismo", lamentou.

Mas alertou para o fenómeno das redes socias, que são, cada vez mais, confundidas com jornalismo, mas que não o são, porque ali "não há contraditório" mas que são a tendência actual e que acaba por prejudicar os media tradicionais e o jornalismo profissional, deixando a garantia de que o seu ministério está a criar condições para as "boas práticas profissionais", independentemente das linhas editoriais dos órgãos de comunicação social.