A filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, declarou, em comunicado enviado na noite desta terça-feira às redacções, que nunca foi notificada ou ouvida no âmbito no inquérito que levou ao arresto das suas contas em Angola, negando as acusações em que é visada num processo que afirma ser "politicamente motivado".

A empresária diz "que nunca foi notificada pela Procuradoria-Geral da República ou citada pelo Tribunal Provincial de Luanda", desconhecendo o teor da acusação e afirmando que "não teve oportunidade de apresentar defesa".

"Este despacho sentença é resultado de um julgamento de uma providência cautelar, que ocorreu sem conhecimento das partes, de forma aparentemente arbitrária e politicamente motivado", lê-se no comunicado.

O Tribunal Provincial de Luanda (TPL) decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do presidente do Banco de Fomento de Angola (BFA), Mário Leite da Silva, para além de congelar as contas de várias empresas nas quais detêm participações, nomeadamente nos bancos BIC e BFA, e nas empresas Unitel, ZAP, FIinstar, Cimangola, Condis, Continente Angola e Sodiba.

O TPL deu como provado que a empresária e o marido utilizaram fundos do Estado para fazerem vários negócios, sem que os montantes tivessem sido pagos, e "que os requeridos estão a ocultar o património obtido às custas do Estado", transferindo-o para outras entidades e exportando os capitais.

Isabel dos santos nega as acusações em comunicado, dizendo não compreender "nem se conformar com este enquadramento num Estado de Direito democrático como é Angola" e afirmando que pretende "opor-se a cada uma destas alegações em sede e tempo próprio nos termos estabelecidos na lei angolana".