Luísa Rogério lamentou o facto de a CCE não estar cabimentada no Orçamento Geral do Estado (OGE) para este ano, e realçou que o órgão está a funcionar, provisoriamente, numa das salas do Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), cedida gentilmente por aquela direcção, mas que ainda não existem meios como computadores, fotocopiadoras, mesa, armários e papéis para trabalhar.

"Estamos a trabalhar com dinheiros pessoais. Não temos condições financeiras nem técnicas para trabalhar. Cada um de nós faz o que pode e não podemos continuar assim", disse Luísa Rogério, que reconheceu que isto está a dificultar o trabalho do cadastramento dos jornalistas, bem como o envio de correspondência.

De acordo com a presidente da Comissão de Carteira e Ética, até agora os membros das províncias, nos encontros que tiveram, deslocaram-se a Luanda e hospedaram-se nos hotéis com meios próprios, uma situação que, segundo Luísa Rogério, está a preocupar a comissão.

"É uma situação que não pode perdurar, no primeiro encontro os colegas das províncias de Cabinda e Malanje só estiveram presentes por gentileza do Sindicado dos Jornalistas Angolanos (SJA).

O SJA também tem dificuldades e daqui em diante temos de arranjar formas para caminhar", disse Luísa Rogério, que acrescentou: "O ideal seria termos dotações como prevê à Lei, infelizmente não estamos no OGE de 2020, mas vamos fazer as diligências junto das instituições públicas para ver se conseguimos alguma coisa".

Segundo a presidente da Comissão de Carteira e Ética, para que este órgão funcione sem sobressaltos é preciso que haja dinheiro.

Luísa Rogério disse ainda ao NJOnline que o CCE irá cobrar um valor a cada jornalista para a atribuição da carteira profissional.

"Nós estamos a procurar um valor que seja possível para todos os colegas, pese embora haver uma disparidade salarial muito grande no seio da classe, mas um valor que todos os jornalistas possam pagar", salientou.

Entretanto, Luísa Rogério prosseguiu, dizendo que os jornalistas que exerçam a profissão terão uma carteira profissional com uma validade de dois anos. Já os estagiários, terão uma carteira de seis meses.

Quanto aos valores e aos critérios de pagamento, a presidente da Comissão de Carteira e Ética afirmou que o assunto será esclarecido em conferência de imprensa, no final desde mês, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo.

Quanto à atribuição da carteira profissional aos jornalistas estrangeiros, Luísa Rogério explicou que nos termos da Lei, que regula o Estatuto dos Jornalistas, os jornalistas estrangeiros que trabalham nos órgãos de comunicação social locais terão o mesmo direito que os nacionais, ou seja, vão pagar o mesmo valor.

De acordo com Luísa Rogério, o reconhecimento do documento de um profissional estrangeiro, que queira exercer a actividade em Angola, é obtido mediante um requerimento à Comissão da Carteira e Ética, desde que o mesmo preencha os requisitos estabelecidos para os jornalistas nacionais.

Importa referir que, nos termos da Lei sobre o estatuto dos Jornalistas, para se ter acesso à profissão de jornalista em Angola tem de se ter como requisito uma licenciatura em comunicação social ou jornalismo, ou ter mais de cinco anos de profissão.

"Se por ventura vier para Angola um jornalista estrangeiro que não reúna esses requisitos, terá mesmo que se conformar com os normativos do estatuto dos jornalistas angolano, que é o diploma que rege actividade dos jornalistas em Angola", explicou.

A recém-criada Comissão da Ética e Carteira Profissional em Angola foi apresentada publicamente em Novembro de 2019, em Luanda, como um organismo de direito público com competência para atribuir carteiras profissionais aos jornalistas e velar pelo seu desempenho.

São membros da CCE os jornalistas Luísa Rogério, Engrácia Matias, Ermelinda da Costa, Honorato Silva, Miqueias de Sousa "Machangongo", Africano Neto, Maria de Lurdes, Caetano Cololo, Coque Mukuta, Adelino Ngunza e José Manuel Gimbi.