Segundo relatos dos familiares, recolhidos pelo NJOnline, o jovem, mais conhecido por "Amauri", foi assassinado por volta das 21:00 de sábado, 14, com três tiros, um na perna, outro no braço e mais um na cabeça, tendo morrido no local.

Emiliano Domingos Sales, tio da vítima, que trabalhava como técnico médio de informática, explicou que na noite do crime havia uma festa numa casa vizinha, onde vive a namorada do agente do SIC apontado como autor dos disparos.

Terá sido durante o convívio que, perante o surgimento de uma pequena confusão, o homem começou a querer impor o seu poder de agente de autoridade, contou Emiliano Domingos Sales.

"O homem efectuou vários disparos para o ar e os elementos da confusão dispersaram-se. Não satisfeito, andou alguns metros em direcção a dois jovens que se encontravam na rua à jogar matraquilhos e os abordou", continuou.

Prosseguindo com a descrição, o tio da vítima descreve que o agente não quis ouvir os argumentos dos adolescentes. "Fez logo dois disparos ao meu sobrinho, que ainda implorou pela vida no chão. Não me mata só, eu não fiz nada. E de seguida efectuou o terceiro disparo que foi na cabeça", relatou, clamando por justiça.

Igualmente presente no local, o amigo de Hermenegildo Sales Lourenço, que pediu anonimato, confirmou ao NJOnline que o agente do SIC aproximou-se aos tiros.

"Vimos um homem armado a vir em nossa direcção e a fazer tiros", relata sobrevivente

"Pensámos que era só para afastar os miúdos que faziam a confusão, porque os mesmos começaram a fugir. Como não somos delinquentes e nunca fizemos nada, continuamos a jogar matraquilhos e só corremos porque vimos um homem armado a vir em nossa direcção e a fazer tiros" , relatou o jovem, lamentando: "Esse foi o nosso erro".

Ainda segundo o testemunho do amigo da vítima, o homem perguntou-lhes se estavam na luta, mas nem sequer esperou pela resposta.

"Não deixou ninguém responder e efectou logo um disparo no pé do meu amigo", recorda, recuperando as últimas palavras que ouviu de Amauri.

"Eu não fiz nada, gritou o Amauri. Eu pus-me a correr mas não para muito distante porque pensei que ele havia de deixar o meu amigo ferido, para que eu chamasse a ambulância para o socorrer. Mas vi-o a fazer mais dois tiros, um no braço e outro na cabeça do meu amigo", concluiu.

O autor dos disparos pertence ao Serviço de Investigação Criminal, confirmou ao NJOnline o intendente Mateus Rodrigues, director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na província de Luanda.

O responsável adiantou que o agente está detido desde ontem e acrescentou que o processo já foi entregue ao Ministério Público para devido tratamento judicial.

Apesar de confirmar a ocorrência, o porta-voz da Polícia Nacional chamou a atenção para a divulgação, nas redes sociais, de fotos que não têm nada que ver com o caso.

"O principal autor [dos disparos] está detido e não é a pessoa cujas imagens estão a circular nas redes socias", garantiu.