O INAAREES têm representação exclusiva em Luanda e, por isso, os licenciados formados nas demais Universidades espalhadas pelo território nacional são obrigados a deslocarem-se à capital do país, o que gera sérios transtornos e despesas acrescidas que muitos têm dificuldade em suportar, sendo esta realidade geradora de protestos e revolta.

Por exemplo, um recém-licenciado que tenha residência no Moxico, dificilmente se desloca a Luanda com custos inferiores a 70 ou 80 mil kwanzas, envolvendo a passagem, a alimentação e a dormida.

Despesa esta que é fundamental porque os empregadores, empresas ou instituições públicas, exigem que os certificados académicos sejam homologados pelo INAAREES, independentemente de o aluno se ter formado numa Universidade acreditada pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI).

O Novo Jornal Online contactou, via telefone, o Director do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior INAAREES, Jesus Tomé, que exigiu ao jornalista que se deslocasse ao INAAREES, o que foi feito no dia e hora combinada mas o responsável alegou novamente não poder falar.

Face a está situação, o Novo Jornal Online foi ouvir alguns alunos formados que mostraram a sua indignação com o INAAREES, não só pelos transtornos da deslocação mas também devido à morosidade no atendimento.

"Não faz sentido ter uma instituição para homologar os nossos certificados. Estudei numa universidade pública e não se percebe qual a lógica de exigirem que seja uma outra instituição, igualmente pública, a certificar que estudei e sou licenciado", disse Jaime Pascual, licenciado em Direito.

Perante o que considera "um absurdo", o jovem licenciado diz que "custa acreditar" que o aluno, após a formação de longos anos, "ainda tem que se submeter às longas filas para homologar o certificado", concluindo: "Até parece que as faculdades onde nos formamos são falsas".

O advogado Salvador Ramos também se juntou ao coro dos licenciados que defendem que nenhum aluno formado devia ser obrigado a homologar o seu certificado de final de curso fora da sua instituição de ensino.

"Já perdi uma oportunidade de emprego pelo facto do meu certificado não estar homologado", aponta, acrescentando que viveu "um dos piores dias" da sua vida nas instalações do INAAREES.

"Apareceu uma oportunidade de emprego que não consegui obter devido à desordem que existe nas instalações do INAAREES", apontou.

Já o recém-formado em Engenharia Informática, Manuel Sebastião, é de opinião que deviam abolir o INAAREES, porque no seu entender "os alunos formados em vez de serem favorecidos são prejudicados".

"Como é possível só existir representação em Luanda, será que Angola é só Luanda?", questionou, sublinhando que o problema é "ainda mais sério quando se trata de alunos que estudaram fora de Luanda".

John Gonçalves, Licenciado em Gestão e Área Administrativa, disse ao Novo Jornal Online que passou por muitas dificuldades para ser atendido e ainda teve de sentar durante horas num bloco de cimento por falta de condições no INAAREES.

"Merecemos respeito e consideração por parte das Instituições públicas. Não se compreende burocratizarem despropositadamente o processo de reconhecimento da formação académica feita no país", disse.

O INAAREES tem apenas oito técnicos para verificar mais de quatro centenas de certificados de habilitações diariamente.