Com o objectivo de reduzir o índice de mortalidade causada pela doença, o Governo de Luanda, através do Gabinete Provincial da Saúde, lançou esta sexta-feira, 15, uma campanha de intensificação da luta anti-vectorial, no âmbito do programa do Governo com vista à redução da malária em todos os municípios da capital, num período de seis meses.

Ana Paula Correia Victor, vice-governadora Provincial de Luanda para o sector Político e Social, que presidiu ao acto em representação do Governador Provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova, disse que em Angola a malária representa um problema importante de saúde pública e isso é também claro na província de Luanda.

"É a primeira causa de morte, consultas médicas e de absentismo laboral e escolar. Constitui uma das principais causas de mortalidade perinatal, aborto, parto prematuro, de baixo peso ao nascer, de anemia em mulheres gravidas e de mortalidade materna", disse, para realçar a importância de se combater com eficácia esta patologia.

De acordo com a vice-governadora de Luanda, a malária ainda representa cerca de 35 por cento da demanda de cuidados curativos e 20 por cento de internamentos hospitalares, 40 por cento de mortes perinatais bem como 25 por cento de mortalidade materna.

Com o início da época chuvosa na capital, refere a governante, aumentam os charcos e lagoas, que proporcionam a proliferação de larvas e mosquitos transmissor desta e de outras doenças como a Febre-amarela, Dengue, Chikungunya e Zika.

Já a Directora Provincial da Saúde de Luanda, Rosa Bessa, disse que o objectivo da campanha é de chamar a atenção e sensibilizar todos os munícipes de Luanda para à importância da prevenção da malária.

"Nós iremos intensificar as acções de fumigação, pulverização e de limpeza de valas e charcos bem como a distribuição de mosquiteiros", referiu.

Alberto Rosa, director municipal interino da saúde de Viana, disse que o município de Viana tem registado uma redução de doentes com malária nos últimos meses.

"Há três meses que registamos uma redução 15 mil casos de malária, porque antes tínhamos uma cifra de 34 mil casos por mês", revelou.

Dados do Ministério da Saúde revelam que as províncias de maior prevalência são as do sul do País, com destaque para o Cunene, Kuando kubango, Huíla e Luanda.

Plano de contingência

O Plano de Contingência Para o Controlo da Malária na Província de Luanda tem como objectivo reduzir a morbilidade e mortalidade por malária, o contacto entre mosquitos portadores da doença e seres humanos.

Atingir as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS), reduzir o fardo da malária em 90 por cento, colocar Angola na lista dos países com positividade no combate à malária e reduzir o absentismo na Província de Luanda constam dos objectivos do plano.

A malária (paludismo) é uma doença tratável mas que, sem os cuidados de saúde necessários, pode levar à morte, e é provocada pelo parasita plasmódio que se desenvolve no mosquito anófeles, que é o vector de transmissão.

Interromper o ciclo, com a destruição dos locais de reprodução do mosquito, desde pequenos charcos que se formam com as chuvas, ao recipientes caseiros, como sejam pneus ou garrafas abandonadas, por exemplo, usar mosquiteiros para impedir a picada do mosquito e fumigar as áreas de maior densidade de insectos transmissores do plasmódio, são alguns dos passos essências para combater esta doença.

A malária está entre as doenças que mais mata no mundo e em África assume especial gravidade.

No seu último relatório sobre a patologia, a Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado em Novembro de 2018, revela que o número de casos de malária no mundo parou a sua progressão em queda, com 219 milhões de casos em 2017, contra 2017 milhões no ano anterior.

O reforço do combate à doença é ainda mais importante agora, como sublinha a OMS, porque esta estava em trajecto descendente desde 2010, quando foram diagnosticados 239 milhões de casos no mundo, para menos de 215 milhões em 2015, ano em que se verificou uma perigosa reviravolta.

Neste documento, a OMS nota que "não houve progresso significativo em reduzir a incidência da malária, globalmente", desde 2015.

Como perspectivam os objectivos da organização, fazer descer em 40 por cento o número de infecções até 2020 é agora quase impossível, embora seja sublinhada a urgência em reverter este cenário.

Mas a realidade é trágica para o continente africano onde 15 países são responsáveis por 80% dos casos globais de malária e 78% das mortes.