A informação foi prestada ao NJOnline pelo presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), Adriano Manuel, que acusa o Ministério da Saúde (MINSA) de ignorar as reivindicações dos profissionais.

Em causa estão, entre outras, exigências de aumentos salariais e de melhores condições de trabalho, bem como a integração de todos os médicos que se encontram desempregados por concurso público, e a reclamação de condições de habitabilidade e de formação contínua.

"Nós apresentámos um caderno reivindicativo no dia 06 de Agosto, e até hoje não obtivemos nenhuma resposta. Demos inicialmente dois meses ao MINSA para que nos respondessem, o que não aconteceu. Protelámos por mais um mês, mas também não responderam. Agora, no quarto mês, contra a nossa vontade, fomos obrigados a decretar uma greve", disse o líder sindical.

Segundo Adriano Manuel, o MINSA nem sequer acusou a recepção do caderno reivindicativo, não deixando ao SINMEA outra alternativa a não ser avançar para a greve, convocada para os dias 19, 20 e 21 de Novembro.

"Temos médicos que vivem em casas sem água nem energia, temos colegas que vivem em situações desumanas em alguns municípios. Nós consideramos uma falta de respeito para com a classe médica, tendo em conta que as pessoas que dirigem o MINSA são todos médicos, e achamos que mereceríamos atenção e consideração", salientou.

De acordo com o responsável, um médico para atingir ao doutoramento tem que levar quase 17 anos de formação, e segundo o mesmo, não se compreende como é que um médico que estuda tanto ganha entre 270 mil a 400 mil kwanzas.

"Isto quando um funcionário das Finanças e um administrativo da Sonagol, que nem se quer têm a formação do médico, são capazes de ganhar um milhão de kwanzas", comparou.

O sindicato pede desculpa aos angolanos pela paralisação, mas garante que durante a greve vários serviços serão garantidos, incluindo quimioterapia e radioterapia, hemodiálises e urgência interna e outros.

O NJOnline contactou o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta. Entretanto, uma fonte do órgão ministerial revelou que, nos próximos dias, está previsto um encontro com o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola.