"Em 2015, tivemos uma perda de cerca de 12 mil bolsas de sangue, pela positividade de microrganismos, dos quais a hepatite B foi a mais prevalente, embora as pessoas temam mais no HIV", avançou a directora do INS, Antónia Constantino, adiantando que em 2015 e em 2016 o desaproveitamento do sangue doado foi de 50%, tendência que se mantém este ano.

"Até Maio, o perfil não mudou absolutamente nada. Continuamos com perdas de 50% do sangue recolhido, ou seja, é muito urgente, mudarmos o perfil dos doadores, melhorarmos a nossa triagem e sermos mais responsáveis enquanto doadores", defendeu a responsável.

Segundo António Constantino - que falava na palestra sobre as "Perspectivas e os Desafios para o Desenvolvimento de um Programa Nacional de Dadores de Sangue", realizada ontem, em Luanda, em alusão ao Dia Mundial do Dador de Sangue -, para melhor controlo, o INS tem investido em novos meios tecnológicos que permitem rastrear com maior segurança o sangue colhido, reduzindo o período de janela dessas infecções.

A responsável adiantou ainda que o país precisa de cerca de 257.890 doações por ano, objectivo que exige a existência de pelo menos 322.363 doadores.

A meta está contudo longe de ser alcançada, face às perdas verificadas e à carência de dadores voluntários: apenas 10%, contra 90% de dadores que são familiares dos doentes.

"A OMS [Organização Mundial de Saúde] recomenda que 100% das doações sejam voluntárias regulares, então estamos ainda muito longe de alcançar aquilo que é o objectivo", sublinhou Antónia Constatino, citada pela agência Lusa.