Na abertura dos trabalhos do Comité Conjunto Angola-China, o ministro da Defesa angolano, Salviano Sequeira, perante chefias militares dos dois países, sublinhou o objectivo de consolidação das bases da cooperação com Pequim como forma de conseguir acelerar alguns projectos essenciais.

Em cima da mesa estão projectos de cooperação militar nas áreas do fornecimento e manutenção de equipamentos da indústria de defesa, assistência técnica, formação de especialistas e construção de infra-estruturas para as FAA.

Pela parte chinesa, o vice-presidente da Comissão Central de Defesa manifestou, segundo a Angop, a disponibilidade do seu país em manter a cooperação no interesse das partes, embora não tenham sido avançados, como é comum quando as negociações com dirigentes chineses estão a decorrer, quaisquer informações sobre a resposta que Pequim vai dar. A delegação chinesa deixa Luanda quarta-feira.

Força Aérea Nacional e os caças chineses

Como o NJOnline noticiou em Março último, o site especializado na área da defesa africana, DefenceWeb, publicou uma notícia onde coloca como forte possibilidade a aquisição por parte de Angola de um número não especificado de aviões de guerra à China para equipar a sua Força Aérea.

Os aviões em causa, jactos K-8 Karakorum, são um modelo ligeiro de caça fabricados na China e que o gigante asiático já tem estado a vender para países como a Namíbia, a Zâmbia, Sudão, Gana e, entre outros, o Zimbabué.

Tratando-se de um caça ligeiro e de baixo custo, com versão para treino e para ataque, o site DefenceWeb, com sede na África do Sul, avança que é para o continente africano que a China tem, quase em exclusivo, exportado este aparelho, cujo custo, segundo algumas fontes citadas pelos media especializados, varia entre os 8 e os 10 milhões de dólares.

O K-8 Karakorum, que é também conhecido por Karakorum-8, na designação para a versão de exportação, conhecida internamente na China por JL-8, é fruto de uma colaboração que remonta à década de 1990, entre a China Nanchang Aircraft Manufacturing Corporation, a Aviation Industry Corporation of China (AVIC) e o Complexo Aeronáutico Paquistanês.

A informação sobre a provável aquisição deste tipo de aparelho para a Força Aérea Nacional de Angola (FAN) resulta de uma fotografia (a que ilustra esta notícia) encontrada pelo DefenceWeb, onde o presidente da AVIC, Luo Ronghuai, surge, durante uma visita à fábrica de Hongdu, com um K-8 em fundo pintado com as cores de Angola e com o símbolo da FAN na cauda.

A partir deste indício, o site sul-africano desenvolveu o assunto concluindo que ou se trata de um aparelho que pode ainda estar em fase de produção ou já preparado para ser despachado para Angola, visto que estava parcialmente sob uma cobertura, sendo apenas bem visível o símbolo da FAN na cauda.

Apesar de Angola ter como fornecedor principal de material aeronáutico a Rússia, a China tem vindo a ganhar algum espaço na exportação de material de guerra para as FAA, nomeadamente veículos como o WM301 antitanque ou o Norinco WZ551, de transporte tropas.

Já em 2017, era então ministro da Defesa o actual Presidente da República, o ministério da Defesa olhava com interesse evidente para a China enquanto parceiro na área da Defesa.

Num encontro em Luanda com o seu homólogo, o ministro chinês da Defesa, João Lourenço lembrava que a cooperação com a China estava a necessitar de uma "abordagem nova e mais dinâmica".

Embora Angola, disse ainda na ocasião o então ministro da Defesa, tenha "acordos assinados no domínio da defesa e das respectivas forças armadas, com predominância para o acordo de cooperação no domínio da ciência e tecnologia e indústria para a defesa nacional", dá especial atenção ao facto de pretender o "lançamento efectivo da indústria militar angolana, com parceria de empresas chinesas".