Segundo um Acórdão do Tribunal Supremo, citado pela Angop, os juízes consideraram "existir o perigo de fuga", em caso de libertação, possibilidade sustentada pela "dupla nacionalidade" que possui - angolana e suíça - e pelo facto de "ter muitos familiares a residirem no estrangeiro".

Para além disso, os magistrados salientam, na sua fundamentação, que Bastos de Morais dispõe de uma elevada condição económica e de poder de influência no país, bem como de uma forte ligação a José Filomeno dos Santos, que também se encontra detido no âmbito do mesmo processo.

Perante o exposto, o Tribunal Supremo entende que a libertação do empresário suíço-angolano ameaça "perigar ou perturbar a instrução do processo".

Jean-Claude Bastos de Morais foi preso a 24 de Setembro do ano passado, no mesmo dia da detenção de José Filomeno dos Santos.

"Da prova recolhida nos autos resultam indícios suficientes de que os arguidos incorreram na prática de vários crimes, entre eles: o de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio", esclareceu, na altura, a Procuradoria-Gera da República.

Num comunicado, a instituição explica ainda que decidiu aplicar a medida de coacção pessoal de prisão preventiva, "pela complexidade e gravidade dos factos".

Em causa está a autorização de uma transferência de 500 milhões de dólares de Angola para o Reino Unido, como parte da criação de um avultado fundo de investimento estratégico para o país na ordem dos 30 mil milhões de dólares. Segundo a acusação, este fundo - do qual Bastos de Morais se demarcou prontamente - serviu de engodo para a operação citada, que obteve autorizações do Banco Nacional de Angola, à época sob comando de Valter Filipe, igualmente acusado pela PGR.