O estudo indicou que 31 por cento destas crianças e adolescentes atiradas para a violência que é viver nas ruas da capital são do sexo feminino e que a maioria tem entre 14 e 17 anos.

Incidindo em 20 locais da cidade de Luanda, esta pesquisa conduzida pelo organização Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento, apontou ainda que a empurrar estas crianças para o desassossego e abandono das ruas de Luanda estão fenómenos como a pobreza extrema e a desestruturação das famílias, como, por exemplo, o alcoolismo.

Cacuaco, os arredores da Praça 1º de Maio e a Baia de Luanda são três das principais "divisões" da "casa" em que Luanda se transformou para estas centenas de "miúdos", os mesmos que toda a gente vê todos os dias nas praças, a arrumar carros, ou a rondar quem passa em busca de trocados ou à volta dos caixotes do lixo em busca de alimentos.

No documento onde a VIS expõe esta dura realidade, tendo-se focado principalmente nas de sexo feminino, é sublinhado o facto de a capital angolana não dispor de capacidade de acolhimento destas crianças.

A utilização de drogas, a existência de doenças graves, como o VIH ou a sífilis, tuberculose e infecções de pele são alguns dos graves problemas que estas crianças enfrentam, a par da violência a que muitas, especialmente, as mais novas, são sujeitas por parte dos mais velhos ou de pessoas que as escorraçam dos locais onde "residem".

Este estudo, que foi, segundo a Angop, financiado pela União Europeia e contou com a colaboração de diversas instituições nacionais, como Salesianos de Dom Bosco, da Samusocial Internacional e do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA), foi elaborado para responder às dúvidas que existem sobre a natureza deste fenómeno e obter um quadro o mais aproximado possível da realidade de forma a poder pensar uma resposta de âmbito nacional.