Maurício Quinvula e Estevlânio Quinvula foram à padaria na zona da Coreia, na Samba, para comprar 10 pães e pagaram os 200 kwanzas com uma nota de cinco mil, cujo troco foi feito pelo empregado totalmente em moedas.

Face ao volume de moedas que estavam a receber, Maurício, o irmão mais novo, protestou e isso acabou numa discussão com o empregado.

Perante este desentendimento, segundo testemunhas contactadas pelo Novo Jornal Online, o segurança de serviço na padaria decidiu intervir e terá dado uma bofetada no cliente, levando Estevlânio, o irmão mais velho que estava no exterior do estabelecimento, a entrar e a pedir explicações ao "guarda", que reagiu dizendo-lhes para saírem.

Os dois irmãos recusaram-se a abandonar a padaria sem que antes recebessem uma explicação para a agressão, o segurança empunhou a sua "kalashe", ou AK-47, a arma de guerra utilizada pela generalidade das empresas de segurança em Angola, e fez três disparos dos quais resultaram a morte dos dois irmãos, posteriormente confirmada numa unidade hospitalar.

Um dos familiares das vítimas contou ainda ao Novo Jornal Online que, após os disparos fatais, o segurança deu uma série de tiros para o ar com o objectivo de afastar as pessoas que estavam na rua e manter um grupo, incluindo crianças, no interior da padaria.

"Ele quando notou que cometeu o maior erro da sua vida, começou a fazer muitos disparos ao ar para dispersar a população. Como não tinha saída, fechou a porta da padaria, onde fez oito pessoas reféns", contou a mesma fonte, salientando que o segurança só aceitou entregar-se com a presença do comandante da Divisão da Polícia Nacional da Samba.

Segundo Alberto Quinvula, pai das vítimas, os seus filhos "nunca tiveram problemas com ninguém".

"Já os perdi mesmo. Só espero que a justiça seja feita, porque se ele teve coragem para tirar duas vidas do mundo também deve ter coragem para aguentar a justiça", disse.

Entretanto, logo após estas mortes eva saída da polícia, um grupo de pessoas entrou na padaria e destruiu parcialmente o seu interior, tendo ainda incendiado o gerador.

O Novo Jornal Online contactou o inspector-chefe Mateus Rodrigues, porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (PN), que disse que o presumível autor dos homicídios encontra-se detido desde o dia do incidente.

"O acusado está detido desde o dia em que ocorreu o incidente na padaria. Os familiares das vítimas devem acompanhar o processo até ao seu desfecho final", concluiu.