O presidente da Rede Angolana das Organizações Não-Governamentais de Luta contra o VIH/Sida (ANASO) revelou que o País passou a registar, nos últimos meses, uma média diária de 38 mortes pela mesma doença e 76 novas infecções, elevando para 350 mil o número de pessoas infectadas em toda Angola.

"Neste momento, mais de 350 mil pessoas vivem com VIH/Sida, das quais pelo menos 93 mil estão em tratamento. A taxa de abandono dos pacientes que entram na terapia anti-retroviral também é muito alta, na ordem dos 48%", afirmou António Coelho.

Com o aumento das mortes, subiu também o número de órfãos no País, na sua maioria crianças. A ANASO estima que mais de 100 mil pessoas perderam os seus familiares por conta da Sida.

O responsável acusa as autoridades sanitárias do País de estarem a «ignorar» a luta contra o VIH/Sida, em detrimento do combate à Covid-19.

"A Sida deixou de ser uma prioridade em Angola, por causa da Covid-19, e, por via disso, faltam apoios para sustentar a resposta nacional", afirma.

Outra preocupação da ANASO, segundo o seu presidente, tem que ver com a falta de dados sobre a real situação do VIH/Sida no País e a falta de financiamento para combater doenças como Sida, malária e tuberculose.

"Apesar da Covid-19, temos de continuar a lutar contra a Sida, a malária e a tuberculose. As pessoas com responsabilidade devem continuar a apoiar a resposta nacional para estas três doenças", frisou.

Segundo António Coelho, Angola está entre os países com a maior taxa de transmissão vertical de mãe para filho, cerca de 26%.

Angola está há cerca de cinco meses com ruptura de anti-retrovirais (ARVs) de segunda linha e limitação nos de primeira, facto que está a dificultar o tratamento de mais de 27 mil portadores do VIH/Sida. A falta de medicamentos pode aumentar a carga viral, diminuição da imunidade e aumentar a probabilidade da transmissão.

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