O aviso estava dado desde o passado dia 20, quando o presidente da comissão executiva da TAAG advertiu para o risco de a companhia aérea nacional de bandeira simplesmente acabar se a greve dos pilotos, que pairava como uma ameaça há meses, fosse mesmo avante no dia 05 de Setembro.

Rui Carreira, numa conversa informal com os jornalistas para fazer um ponto de situação da empresa e as perspectivas de futuro, confrontado com a ameaça dos pilotos em, dar início a uma greve de 10 dias a partir da próxima quinta-feira, deixou claro que, face aos "muitos problemas" que a companhia enfrenta, ao fim de dois dias de greve dos pilotos "não haverá mais TAAG".

O anúncio de disponibilidade para negociar feito pelo sindicato dos pilotos da TAAG era o que a administração esperava, como Rui Carreira já tinha antecipado, embora acrescentando que essas negociações, que garantiu a 20 de Agosto já estarem a decorrer, não podem deixar de ter em conta que a empresa não tem condições para dar aos pilotos aquilo que recusa às restantes classes profissionais dentro da transportadora angolana, que conta com um total de 3.100 trabalhadores.

Isso mesmo é adiantado na nota pública do sindicato, que informa que a administração da empresa avançou com uma proposta de negociação, à qual respondeu "de imediato" com igual disponibilidade para se sentar à mesa de forma a colocar um ponto final numa questão que já dura há vários anos.

Em cima da mesa, da parte dos pilotos, está a exigência de acabar com a discriminação salarial existente entre colegas com as mesas funções, a recuperação da perda efectiva de poder de compra e a melhoria das condições laborais no seio da empresa estatal de aviação.

Essa a razão pela qual mais de uma dezena de pilotos já deixou a empresa nos últimos anos, o que, a par da idade avançada de uma grande parte dos pilotos ao serviço da TAAG - o limite de idade para voar em circunstâncias normais são os 65 anos - corre-se o risco de não haver disponíveis pilotos suficientes para garantir a segurança e a normalidade nos voos.

O Sindicato dos Pilotos de Linha Aérea de Angola (SPLA) sublinha que há meias de sete ano que a administração da empresa tem em cima da mesa o seu caderno reivindicativo e que pouco ou nada se avançou neste espaço de tempo.

Perante o aproximar da privatização da companhia, embora parcial, os pilotos querem ver os principais problemas apresentados aos gestores da empresa resolvidos ou bem encaminhados, sem deixar de "cumprir com os entendimentos que estavam já acordados".

Face a estas exigências, Rui Carreira, na conversa com os jornalistas a 20 deste mês, antecipando este esticar da corda por parte dos pilotos, disse que a administração tem estado a conversar, e que o que interessa para a TAAG é que os seus profissionais percebam "as reais capacidades da empresa" porque "as reivindicações não podem ser a ponto de inviabilizar a sua continuidade".

Porque, sublinhou, se assim sucedesse, "seriam 3.100 pessoas a ficar sem emprego", que é a soma total dos trabalhadores da TAAG.

"Acredito que vamos chegar a um entendimento", apontou o PCE da TAAG, embora acrescentando que "não é possível à administração avançar para aumentos apenas para os pilotos quando a empresa é um todo.

Rui Carreira acredita que a greve não vai avançar, primeiro, por causa das conversações que estão em curso e nas quais a empresa vai explicar a sua real situação e capacidade, sendo que, no mesmo encontro, o gestor admitiu que a TAAG atravessa um momento de grande aflição.

E em segundo lugar, porque, sublinhou, se os pilotos avançassem para a grave de 10 dias, ao segundo dia a TAAG já não existia", tal a dimensão dos problemas com que lida actualmente, e numa fase em que está a ser preparada a sua privatização.