Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), órgão que promove a marcha, Francisco Jacinto, confirmou a autorização da marcha, adiantando que a mesma acontece sábado a partir das 13h.

"Exactamente a nossa marcha sai amanhã, a partir das 13h, temos o nosso trajecto do cemitério da Santa Ana até ao Largo das Escolas. Estamos reunidos com os trabalhadores para acertar detalhes organizativos porque queremos que a marcha seja ordeira", disse.

Falando no final de uma assembleia geral de trabalhadores, nas instalações da empresa pública de pontes, localizada no município do Cazenga, um dos mais populosos de Luanda, o sindicalista sublinhou que a Polícia vai acompanhar de perto os manifestantes.

"Está garantida a segurança, acabámos de ter um encontro mesmo esta manhã com o Comando Provincial da Polícia de Luanda onde acertámos os detalhes", explicou.

De acordo ainda com Francisco Jacinto. O objectivo da CGSILA e dos trabalhadores é apenas "manifestar, protestar, repudiar o comportamento das nossas autoridades governamentais pela situação caótica que os trabalhadores vivem".

"Daí que queremos que a nossa marcha seja organizada e decorra com disciplina", acrescentou.

A marcha de protesto prevista inicialmente para 28 de Jjulho terá sido "inviabilizada", na ocasião, pelas autoridades de Luanda, por alegados incumprimentos da lei, segundo disse anteriormente o secretário-geral da central sindical angolana.

Privatização da empresa à vista

A 2 de Agosto, o ministro da Construção e Obras Públicas de Angola, Manuel Tavares de Almeira, anunciou que a empresa estatal de pontes vai ser privatizada, e sem avançar um horizonte, garantiu apenas que decorriam trabalhos para "relançar a firma e liquidar os atrasados".

"A empresa de pontes está enquadrada nas empresas que vão ser privatizadas. Está a desenrolar-se um processo de negociação com empresas interessadas e este será o futuro da empresa de pontes", disse Manuel Tavares de Almeida, em declarações aos jornalistas.

Prontos para a marcha de sábado, estão também os cerca de 400 trabalhadores que há quase cinco anos não recebem os seus ordenados, conforme assegurou hoje à Lusa o 1.º secretário da comissão sindical da empresa, Mateus Alberto Muanza.

"Estamos agora a somar 57 meses sem salários, e a nossa situação vai agravando a cada dia que passa, razão pela qual, tomamos essa providência de realizarmos essa marcha para que o Governo angolano possa resolver esse problema que vem nos matando dia após dia", frisou.

Em relação ao anúncio da privatização da empresa, Mateus Alberto Muanza questiona o prazo para a liquidação dos salários, argumentando que os trabalhadores "estão cansados das promessas" das autoridades.

Porque, justificou, a 30 de Outubro de 2017 o ministro das Obras Públicas e Construção quando visitou a empresa "garantiu resolver o problema com brevidade, mas até aqui estamos a caminhar para um ano e não recebemos qualquer notícia boa".

"Daí que não confiamos mais nessas promessas. Tomámos conhecimento sim, mas quando vão pagar? Vamos morrendo devagar e isso nos motiva ainda a marcharmos amanhã para protestar a nossa situação", concluiu.