Com o passar dos meses após a recolha de amostras para a confirmação laboratorial das ossadas de Jonas Savimbi, os atrasos na conclusão dos testes vão-se acumulando e levaram mesmo à alteração do calendário previsto para as cerimónias de transladação dos restos mortais do histórico líder da UNITA para Lupitanga, no Andulo, Bié, a sua terra natal.

Notícias divulgadas hoje pela VOA e pelo jornal O País, que citam fontes do partido, avançam que a UNITA já tem na sua posse os resultados dos testes laboratoriais que terão confirmado que as ossadas encontradas no cemitério do Luena são, efectivamente, do histórico presidente do maior partido da oposição.

No entanto, tanto Alcides Sakala como Ernesto Mulato garantiram ao NJOnline que não existem quaisquer resultados oficiais enviados dos três laboratórios onde esse trabalho científico foi realizado.

O NJOnline soube entretanto que a Comissão Política do "Galo Negro" tinha uma reunião agenda para a tarde de hoje e que um dos assuntos em cima da mesa é precisamente a questão da transladação dos restos mortais de Savimbi para a sua terra natal.

As amostras para a realização de testes laboratoriais para confirmar que Jonas Savimbi foi sepultado no Luena, Moxico, em 2002, após ter sido abatido em combate, foram colhidas a 31 de Janeiro deste ano e enviadas para a África do Sul e Portugal, tendo outra sido analisada em Angola, esperando-se que a 25 de Fevereiro já fossem conhecidos, mas, dois meses passados desse prazo, a UNITA ainda não sabe se aqueles restos mortais pertencem mesmo ao seu líder histórico e fundador.

Até hoje, como Alcides Sakala confirmou ao NJOnline a 27 de Fevereiro, o que se sabe é que a deterioração dos restos mortais encontrados no túmulo onde se crê que as tropas governamentais o enterraram após ter sido abatido em combate, a 22 de Fevereiro de 2002, estão a dificultar os testes periciais.

"Pelo facto de o corpo estar há mais de 15 anos sepultado, os especialistas estão a encontrar enormes dificuldades para os concluírem", disse Sakala nessa data.

Recorde-se que o inspector-geral da Saúde, Miguel dos Santos de Oliveira, que integrou a missão que foi ao Moxico para acompanhar e realizar, a 31 de Janeiro, a exumação dos restos mortais, disse, na ocasião, que o processo de confirmação laboratorial poderia levar entre 20 e 25 dias.

Face a estes problemas de natureza técnica, poderá, segundo Sakala, esteve mesmo a ser equacionada uma mudança de planos e os exames conclusivos serem realizados noutros laboratórios, nomeadamente dos EUA, Suíça e Argentina.

Uma das questões sublinhadas pelos dirigentes da UNITA e pelos seus familiares é que antes de serem efectuadas as cerimónias fúnebres na sua terra natal é determinante obter os resultados dos testes que provam que aqueles são efectivamente os restos mortais de Jonas Malheiro Savimbi.

Recorda-se que o líder da UNITA, Jonas Savimbi, foi morto em combate a 22 de Fevereiro, perto de Lucusse, na província do Moxico, após uma longa perseguição efectuada pelas Forças Armadas Angolanas.