Durante o ano de 2017, o valor mais alto pago em propinas no sistema universitário angolano era de 39 mil kwanzas/mês, ou 390 mil/ano, como é o caso dos cursos de Arquitectura e Engenharia Informática, na Universidade Lusíada de Angola, tendo este ano sofrido um aumento de 30 mil Akz.
O Novo jornal Online efectuou uma ronda nas principais universidades privadas de Luanda, - nas públicas não existem propinas, apenas uma inscrição inicial é paga - para avaliar os preços do ano lectivo 2018 praticados pelas instituições, antes da abertura oficial do ano académico em Março.
Nesta mesma ronda, constatou-se que os preços das propinas mensais variam entre os 28.000 e os 42.000 kwanzas por mês, sendo os mais baixos praticados na Universidade Independente de Angola (UNIA), 27 mil kwanzas no curso de Turismo, criado este ano.
Algumas universidades privadas alteraram o preço das propinas e de outros emolumentos, enquanto outras prevêem fazê-lo até ao final deste mês, justificando esse aumentos com a desvalorização da moeda devido ao fim do câmbio fixo face ao dólar e ao euro decidido pelo Banco Nacional de Angola.
A Universidade privada de Angola (UPRA), por exemplo, até ao ano passado tinha cursos como Comunicação Social e Relações Internacionais que custavam 25 mil kz/mês, mas para o presente ano a instituição fixou a propina em 28 mil kz, enquanto nos cursos de Medicina e Odontologia estão ser cobrados 38 mil kz, contra os 30 mil de 2017.
A Universidade Independente de Angola (UNIA), ministra 12 licenciaturas nas áreas das engenharias e ciências sociais, cobrando mensalmente uma propina de 33.000 kwanzas. Para o presente ano académico vai ter um novo curso, de Turismo, onde estão a ser cobrados 27 mil kz, o valor mais baixo de todo o ensino superior privado no país.
Este ano, as propinas de todos os cursos do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola (IMETRO) ultrapassam os 26 mil kz. Os estudantes do Departamento de Ciências Económicas e Gestão (que abrange Gestão, Economia e Administração de Empresas) pagavam 32 mil kz, com a subida passam a pagar 35.200 kz.
Na Universidade Lusíada de Angola (ULA), por exemplo, até ao ano passado, cursos como Informática de Gestão, Arquitectura, Engenharia Informática custavam 39 mil kwanzas. Este ano a instituição fixou a propina em 42 mil kz só para o primeiro ano, fixando os restantes cursos em 39 mil kwanzas.
Católica mantém valores...até ver
Na Universidade Católica de Angola (UCAN) ainda não foram introduzidas alterações aos valores do ano passado, que foram de 37 mil kz mensais para todos os cursos, mas uma fonte do departamento dos assuntos académicos não descartou ao Novo Jornal Online a hipótese de haver subida este ano.
Entretanto, as instituições como Gregório Semedo e Óscar Ribas e Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais (CIS), têm os valores das propinas mensal do primeiro ano fixada em 30 mil kz.
Estudantes descontentes
Alguns estudantes que procuram ingressar pela primeira vez nas universidades privadas da capital disseram ao Novo Jornal Online que estão desiludidos com os preços elevados das instituições.
Rosa Mendes, de 24 anos, que se inscreveu no curso de Comunicação Social da UPRA, disse que os preços estão muito altos face ao poder de compra das famílias.
"A qualidade de ensino aqui é boa, mas a mensalidade não é compatível com os rendimentos da minha família", contou a estudante.
"Para nós que não trabalhamos e dependemos de alguém que nos pague, os preços estão muito altos", disse Fernando Miguel, que quer frequentar o 1.º ano do curso de Direito na Universidade Independente de Angola.
"Estou a avaliar os preços, não sei se vou conseguir estudar este ano, os preços estão todos acima dos 35 mil" contou Delícia Bumba, que quer entrar em Direito na Universidade Católica de Angola.
De realçar que para este ano académico, a Universidade Agostinho Neto, a única pública em Luanda, tem disponíveis mais 5.000 vagas, para 45 cursos, comparativamente ao ano lectivo 2017.
Segundo o vice-reitor para a Área Académica, Domingos Neves Margarida, houve uma redução de 40 vagas.
As inscrições para os exames de acesso tiveram início no passado dia 4, e terminam no próximo sábado 20. Os exames de aptidão estão marcados para o período que vai de 29 de Janeiro a 3 de Fevereiro, e o início do ano lectivo 2018 acontece na primeira semana de Março, e abrange todas instituições de ensino superior do país.