Na zona dos congolenses e Calemba II, por exemplo, a venda desordenada nas bermas e passeios continua sobre tudo no período das 16:30 em diante.

Quem por ali passa, nesses períodos, já não sente os efeitos da "Operação Resgate", como era no início, onde os moradores mostravam satisfação com a forma como estava à ser feito o trabalho dos agentes da fiscalização e da polícia.

Cenário idêntico o NJOnline verificou nas zonas do São Paulo, Gamek do Golf II, Papá Simão no Cazenga, zona do Hoji-Ya-Henda e ao longo da Ponte Amarela na vila de Viana.

Vendedores ouvidos pelo NJOnline disseram que a luta pela sobrevivência os obriga a praticarem tais actos, mesmo cientes dos riscos que correm.

"Não há emprego e a vida está difícil, não temos mercados para vender", estes são os principais argumentos apresentado pelos vendedores, quando questionados.

"O Governo diz para as pessoas não venderem nas ruas, mas não há mercados, não há emprego, temos famílias para sustentar", narram.

Questionados porque vendem no final do dia, responderam que é em função de que nesse período já não há correria da parte da polícia e dos agentes da fiscalização.

"O dia-a-dia para nós é mesmo esse, muita corrida, polícia de um lado, fiscais do outro, mas apenas estamos aqui porque é de onde sai o nosso sustento. Não temos alternativa", contam.

Alguns vendedores ambulantes reclamam da falta de espaço em alguns mercados da capital, outros dizem que as vendas em locais indicados pelas administrações distritais e municipais não são rentáveis, razão pela qual preferem comercializar os seus produtos nas ruas.

Entretanto, o NJOlnine constatou que vários mercados indicados pelas autoridades administrativas estão quase sem vendedores, tudo porque muitos destes comerciantes preferem vender os seus produtos nas ruas, em detrimento dos locais adequados, porque "é aqui que estão os clientes".

Alguns Populares disseram que estão apreensivos com o regresso dos vendedores nas ruas de Luanda, sobretudo no período da tarde e noite.

Adão Mateus, taxista na rota congolense - Viana, disse não perceber as razões que levam os fiscais e a polícia a permitir que as "zungueiras" ocupem novamente os locais proibidos pelas autoridades.

"Volta e meia estamos a voltar a ver estes locais como eram antes, parece que a operação resgate deixou de existir", atira.

Pedro Ngunza morador na zona dos congolenses, contou que até perto da meia-noite ainda tem pessoas a venderem nos arredores.

"Os agentes da fiscalização e da polícia já não estão a trabalhar a partir das 16:00 e as zungueiras aproveitam esse período para venderam sem pressão. Às vezes temos dificuldades de entrar com as viaturas no interior do bairro porque há entradas que são bloqueadas pelos vendedores", diz o morador.

Na zona da Gamek, no Golf II, um morador que não quis ser identificado conta, que já reportaram o caso à administração do Kilamba Kiaxi várias vezes, mas as reclamações não têm surtido afeito.

O morador disse ainda que as vendas ambulantes, naquela zona, criam inúmeras dificuldades à circulação rodoviária, sobretudo no final do dia e, por isso, apela a que se retome a "Operação Resgate, que no seu entender está agora invisível.

Importa salientar que depois de um breve interregno, por causa da Quadra Festiva, a Polícia Nacional anunciou que iria incrementar, em Janeiro último, em todo o País, as acções em torno da "Operação Resgate".

Sobre o assunto o NJOnline contactou o porta-voz da "Operação Resgate", comissário Orlando Bernardo, mas este não se mostrou disponível.

Mas uma fonte do Ministério do Interior, que pediu anonimato, disse ao NJOnline que a "Operação Resgate" não parou, embora reconheça existir um abrandamento.

"Há algumas questões pontuais que estão a ser tratadas no sentido de dar alguma resistência à operação e alguma qualidade no que diz respeito a meios", revela.

Quanto começamos, diz a fonte, sabíamos que seria uma prova de resistência e vai continuar a ser, mas nós estamos a estudar mecanismos para que a resistência esteja do nosso lado.

"A polícia tem efectivos suficientes, e estamos a fazer equações com autoridades administrativas no sentido de dotar os órgãos da fiscalização de meios e equipamento e pessoal suficiente para o efeito", declarou.

A Operação Resgate, que teve início em Novembro, do ano passado, tem como propósito, reforçar a autoridade do Estado em todos os domínios, reduzir os principais factores que provocam desordem e insegurança, bem como os da violência urbana e da sinistralidade rodoviária, aperfeiçoar os mecanismos e instrumentos para a prevenção e combate à imigração ilegal e proibir a venda de produtos não autorizados em mercados informais.