Segundo este documento, a economia angolana, devido à sua dependência do sector petrolífero, e à sua continuada baixa na produção, cresce 3,1% este ano e abrandará para menos de 3% até 2024, mantendo, assim, crescimentos abaixo da média regional.

O Banco Mundial explica que as "tendências globais desfavoráveis estão a desacelerar o crescimento económico de África, numa altura em que os países continuam a debater-se com uma inflação crescente, impedindo o progresso na redução da pobreza"

"O risco de estagflação chega num momento em que as taxas de juro e a dívida elevadas forçam os governos africanos a fazerem escolhas difíceis, ao tentarem proteger os empregos das pessoas, o poder de compra e as conquistas de desenvolvimento".

Esta análise aponta de forma sólida para um crescimento económico na África Subsariana a baixar de 4,1% em 2021 para 3,3% em 2022, uma revisão que regista uma queda de 0,3 pontos percentuais desde a última previsão de Abril.

Isso, deve-se, "sobretudo, a um abrandamento do crescimento global, incluindo a redução da procura de matérias-primas de África por parte da China", mas a guerra na Ucrânia está a exacerbar a já elevada inflação e a pesar na actividade económica, "deprimindo tanto os investimentos das empresas como o consumo das famílias".

"Em Julho de 2022, 29 dos 33 países da África subsaariana com informações disponíveis tinham taxas de inflação superiores a 5% enquanto 17 países registavam uma inflação na ordem dos dois dígitos".

"Estas tendências comprometem os esforços de redução da pobreza, que já tinham sido afectados pelo impacto da pandemia COVID-19, disse Andrew Dabalen, Economista Chefe para África do Banco Mundial.

"O que é mais preocupante é o impacto dos altos preços dos bens alimentares nas pessoas que lutam para poder alimentar as suas famílias, ameaçando o desenvolvimento humano de longo prazo. Esta situação exige medidas urgentes dos decisores, destinadas a restaurar a estabilidade macroeconómica e a apoiar os agregados familiares mais pobres e, ao mesmo tempo, a reformular os gastos com bens alimentares e agricultura para a consecução de uma resiliência futura", adiantou este responsável, citado na página do BM

Em Angola, o Banco Mundial prevê crescimentos abaixo de 3% em Angola até 2024

O Banco Mundial prevê que a economia de Angola cresça 3,1% este ano e abrande para menos de 3% até 2024, mantendo, assim, crescimentos abaixo da média regional, devido à desaceleração na produção de petróleo.

"A taxa de crescimento de Angola deverá cair de 3,1% este ano para 2,8% em 2023 e estabilizar nos 2,9% em 2024", lê-se no relatório Pulsar de África, hoje divulgado pelo Banco Mundial, em Washington, aqui citado pela Lusa.

"O fraco desempenho é explicado pelos preços mais baixos do petróleo, com a economia a continuar dependente deste sector para crescer", acrescenta-se no documento, que revê em alta a previsão de crescimento feita em abril, estimando mais 0,2 pontos percentuais de crescimento este ano do que o antevisto em abril, na edição anterior do Pulsar de África.

Esta melhoria "reflecte a contribuição da subida mais alta do que o esperado nos preços do petróleo, que deverão rondar os 100 dólares por barril, em média, este ano", explicam os economistas do Banco Mundial.

A nível regional, o Banco Mundial reviu em baixa a previsão de crescimento para a África subsaariana, antecipando uma expansão de 3,3%, abaixo dos 4,1% de 2021, e defendeu a "necessidade urgente" de restaurar a estabilidade macroeconómica.

"Os ventos contrários globais estão a abrandar o crescimento económico africano, com os países a continuarem a lidar com a subida da inflação e as dificuldades no progresso na redução da pobreza", lê-se no relatório Pulsar de África, hoje divulgado em Washington, nas vésperas dos Encontros Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).