Esta opinião de Isabel dos Santos foi avançada em entrevista ao canal italiano da CNBC, mostrando a gestora estar em consonância com o último relatório da consultora internacional Wood Mackenzie divulgado na semana passada, que mostra claramente que a queda abrupta da descoberta de novos poços de petróleo resulta de uma quebra no investimento na exploração pelas multinacionais do sector.

Este cenário, descrito por Isabel dos Santos e pela Wood Mackenzie, como o Novo Jornal Online noticiou a 30 de Agosto, pode revelar-se como um boa notícia para os países produtores, como é o caso de Angola, actualmente o maior produtor de petróleo na África subsaariana, com cerca de 1, 7 milhões de barris por dia, porque, dentro de alguns anos, deixará de haver um excesso de oferta no mercado e isso implica um aumento significativo no valor do barril.

Esta quebra na descoberta de novas reservas só tem paralelo com o que ocorreu nos anos de 1940, há mais de 70 anos.

Na entrevista à estação CNBC, a PCA da Sonangol, sublinha, para defender esta perspectiva animadora para o petróleo nos próximos três a quatro anos, que "tem havido menos exploração de petróleo, o que significa que, a longo prazo, os 'stocks' vão diminuir, por isso vamos ter menos petróleo e os preços vão subir".

"Para o próximo ano vamos ter um valor entre os 45 e os 50 dólares, mas em três a quatro anos vamos sentir as repercussões do menor investimento", apontou.

Na mesma entrevista, e focando-se no desempenho da petrolífera estatal angolana, Isabel dos Santos apontou como desígnio maior a sua reestruturação de molde a permitir mais eficiência e uma clara redução de custos de produção.

Estes objectivos são essenciais para permitir aumentar o retorno do investimento feito pelo accionista que é o Estado angolano, enfatizando que, actualmente, os custos de produção estão em queda e por cada barril de petróleo já só são pagos 12 dólares norte-americanos.

Isabel dos Santos tomou as rédeas da Sonangol em Junho último sob um fogo cerrado de críticas por parte da oposição e de algumas organizações internacionais por ser filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

A mesmo deixou saber que não pode ser cerceada dos seus direitos e no aproveitamento das suas competências apenas por ser filha do Chefe de Estado.

Mas tem os olhos postos nela até que demonstre que a sua nomeação foi a melhor escolha para o lugar, o que, em certos meios, começa a ganhar dimensão, apesar de ser igualmente aceite que não passou tempo suficiente para que se torne claro se foi boa ou má a decisão.